BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou no fim da noite de quarta-feira (3)que “tem mais voto do que esperava” a favor da reforma da Previdência. Ele disse que há votos suficientes para a aprovação do texto no plenário da Casa.Para que a proposta de emenda constitucional (PEC) seja aprovada, são necessários 308 votos favoráveis. A declaração foi dada após ele ser questionado se havia votos para aprovar a reforma no plenário da Câmara.
“Tem [voto suficiente]. Não gosto de falar números. Tem mais voto do que eu imaginava”, disse Maia a jornalistas. Nos bastidores, aliados dos presidente da Casa afirmam que os cálculos de Maia oscilam entre 330 e 340 votos.
Maia rebateu críticas de que o cronograma está em ritmo lento e disse que a reforma “está demorando o mesmo prazo da reforma do Michel[Temer]”. “Não tem nada atrasado”. Otimista sobre a possibilidade de concluir análise da reforma antes do recesso parlamentar, o parlamentar do DEM afirmou que “todos os líderes nas reuniões comigo vem sempre dizendo que querem votar eque vão votar e que suas bancadas querem votar”.
O presidente da Casa destacou que “a chance é pequena” de o acordo entre os partidos favoráveis à reforma de não apresentarem destaques ser mantido, já que o PSD vai manter o destaque que sugere a isonomia dos policiais com os militares na reforma da Previdência.
Mais cedo, Maia explicou que o acordo que chegou a avançar nesta quarta-feira sobre os policiais não prosperou, após o deputado fluminense Hugo Leal (responsável pela emenda do PSD) afirmar que apresentaria o seu destaque,já que as categorias não se sentiriam contempladas pelo acordo. Um acordo havia sido costurado sobre regra de aposentadoria de policiais federais. Policiais em atuação hoje poderiam se aposentar com 53 anos, se homem, e 52 anos, se mulher,com integralidade e paridade. O presidente Jair Bolsonaro atuou diretamente na construção do acordo, ligando para os líderes partidários. A categoria, porém,não aceitou a proposta e o acordo foi desfeito.
“Como o PSD está insistindo, talvez outros partidos apresentem destaques. Mas não é perigoso, vamos aprovar amanhã [quinta-feira] na comissão especial]”, disse Maia.
Apesar de ter participado de reuniões com policiais, o deputado do DEM disse que “por enquanto” não houve nenhum novo acordo com profissionais da segurança pública. Ele não descartou, porém, que o relator Samuel Moreira(PSDB-SP) apresente um novo voto complementar antes da votação ser iniciada nesta quinta-feira (4). “Até o início da votação ele pode modificar o texto”.
Sobre o movimento de uma ala do PSL para abrandar regras de aposentadoria para policiais, Maia disse acreditar que o “PSL vai ter a compreensão de que agente tentou um acordo e não conseguiu”. “Eles vão entender que a gente não pode tirar uma categoria para que no plenário todas as outras categorias consigam o mesmo resultado. Toda categoria que ficar fora e sorrir hoje, vai chorar amanhã, porque não vai receber seu salário em dia e muito menos aposentadorias e pensões”.