Juros
Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central adotar uma postura mais cautelosa sobre o rumo dos juros no Brasil, os investidores correram para reajustar posições e retirar dos preços o cenário de Selic abaixo de 4,50% ainda este ano. O resultado no mercado de juros foi claro: houve maior recomposição de prêmio de risco nos vértices de prazo mais curto. E, sem apostas tão agressivas de um afrouxamento monetário no curto prazo, também ficou a leitura de que os juros não terão de subir muito mais no futuro.
Em relatório enviado a clientes, o Citi disse acreditar que o juro básico começará a ser normalizado apenas no terceiro trimestre de 2021, ano em que a Selic chegaria a 5,75% em dezembro. Até lá, ainda há algum espaço para aplicar um pouco mais de estímulo, já que as projeções de inflação do Copom continuam bem abaixo das metas. “Interpretamos o termo ‘cautela’ como significando cortes de 25 pontos-base no início de 2020 em vez de uma pausa. Assim, esperamos que a taxa Selic atinja 4% no fim do primeiro trimestre de 2020, permanecendo inalterada a partir daí”, dizem os economistas do Citi. Antes, o banco estimava juro de 4,50% no fim deste ano e ao longo de 2020.
DI1F20: 4,757% (+4,2 bps)
DI1F21: 4,50% (+16 bps)
DI1F23: 5,41% (+10 bps)
DI1F25: 6,04% (+4 bps)
DI1F27: 6,41% (+1 bps)
Câmbio
No fechamento do mercado interbancário, o dólar subiu 0,55%, a 4,0091 reais na venda nesta quinta-feira. A valorização é a mais forte desde 15 de outubro. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez ganhou 0,41%, a 4,0045 reais.
A apreciação do dólar neste pregão foi ditada por renovados temores quanto às negociações comerciais entre China e Estados Unidos. A volatilidade relacionada à definição da Ptax de fim de mês tampouco ajudou a amenizar a pressão de alta sobre a moeda.
Os ganhos da moeda aqui refletiram a força do dólar no exterior contra outras divisas de risco, como peso mexicano, lira turca e rand sul-africano.
De forma geral, contudo, as últimas duas semanas de outubro foram de alívio para a taxa de câmbio no Brasil.
No fechamento da sessão do dia 17, o dólar foi a 4,1702 reais na venda, mas na sequência engatou quedas, na esteira de expectativas de melhora de fluxo cambial e também em meio a um ambiente externo mais propício a risco, conforme EUA e China ensaiaram algum consenso tarifário e o risco de um Brexit desordenado diminuiu.
Na segunda metade do mês, operadores viraram as atenções para a esperança de robustos ingressos de capital por ocasião dos leilões do pré-sal, marcados para o começo de novembro.
As áreas em oferta no leilão de 6 de novembro somam um bônus de assinatura total fixo de cerca de 106,5 bilhões de reais e que deverão ser pagos pelos vencedores do certame, que se tornará a maior rodada de licitações de petróleo da história, segundo as autoridades brasileiras.
As entradas desses recursos ajudariam a amenizar o saldo negativo do fluxo cambial, que em 12 meses até a parcial de outubro está em mais de 30 bilhões de dólares. E também poderiam compensar saídas de dólares típicas de fim de ano, quando se aceleram as remessas de lucros e dividendos por parte de empresas estrangeiras com filiais no Brasil.
Um outro fator a amparar o câmbio daqui para a frente é a perspectiva de que o ciclo de queda da Selic esteja mais perto de uma conclusão. Na véspera, o Banco Central sinalizou cautela para o caso de novos cortes do juro no começo de 2020.
“É uma notícia boa para o real”, disseram analistas do Citi em nota a clientes. “Com esse risco (de muitos outros cortes de juros) mitigado, esperamos que o câmbio continue com boa performance no começo de novembro, para quando se esperam fluxos de recursos”, completaram.
Bolsa
O Ibovespa caiu 1,1%, a 107.219,83 pontos, mas encerrou outubro com avanço acumulado de 2,36%. O volume financeiro na sessão somou 19,4 bilhões de reais.
Investidores globais se decepcionaram com a notícia de que autoridades chinesas mostraram dúvidas sobre se será possível alcançar um acordo comercial abrangente de longo prazo com os Estados Unidos e o presidente Donald Trump. Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,3%, com o pessimismo ofuscando bons resultados trimestrais de Apple e Facebook.
No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a falar sobre a pauta do governo, afirmando que está otimista com a aprovação da reforma tributária no Congresso ainda este ano. No plano macroeconômico, o mercado absorveu a decisão do BC de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, a 5% ao ano, como esperado, e indicou que deve repetir a dose na próxima reunião, em meio à fraqueza na economia e baixa inflação.
Analistas do BTG Pactual avaliam que a taxa deve terminar o atual ciclo de queda abaixo de 4%, com mais um corte de 0,50 ponto percentual em dezembro, indicando também duas reduções de 0,25 ponto percentual nas reuniões de fevereiro e março.
- BRADESCO PN cedeu 4,1%. O banco divulgou lucro recorrente de 6,54 bilhões de reais no terceiro trimestre, quase em linha com a estimativa de analistas. SANTANDER BRASIL recuou 3%. ITAÚ UNIBANCO PN e BANCO DO BRASIL cederam 1,74% e 2,6%, nesta ordem.
- GOL PN despencou 5,8%, após divulgar prejuízo de 242 milhões de reais no terceiro trimestre, em meio a problemas que atingiram 18 de seus aviões, e queda em projeção de margem de lucro este ano.
- LOJAS AMERICANAS PN perdeu 3,2%, apesar de alta de 54,5% no lucro do terceiro trimestre sobre um ano antes. Sua controlada B2W caiu 4%, após divulgar prejuízo líquido de 102,5 milhões de reais, pior do que as estimativas de analistas.
- MAGAZINE LUIZA reverteu a queda de mais cedo e fechou em alta de 1,4%. A varejista anunciou na véspera oferta de cerca de 4 bilhões de reais em novas ações para investir em novas tecnologias e abertura de lojas.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 1% e 0,2%, neta ordem. A empresa quer concluir a implantação de uma ferramenta tecnológica em suas refinarias até o fim do ano.
- SUZANO ganhou 1,05%, com divulgação de balanço trimestral após o encerramento da sessão. No setor, KLABIN UNT também avançou 1%.
- VALE perdeu 2,9%. A mineradora informou ter acionado preventivamente o protocolo de emergência em Nível 1 da barragem Forquilha IV, em Ouro Preto (MG).
- GPA PN perdeu 0,1%. A empresa teve lucro consolidado de 192 milhões de reais de julho a setembro, alta de 27,2% no comparativo anual. Em teleconferência, executivos da companhia afirmaram esperar desempenhos melhores de vendas em 2020 após reformas e conversões de lojas.
Fontes: Valor e Reuters