Juros
Os contratos futuros de juros terminaram o dia com viés de alta, em um dia de baixa liquidez, no qual os agentes monitoraram, principalmente, os embates comerciais travados entre Estados Unidos e China. A retomada das negociações entre as duas maiores economias do globo deve ocorrer na próxima semana. Enquanto isso, os agentes aguardam indicadores e eventos importantes, que devem ter impacto nos negócios por aqui.
Uma semana antes da retomada das conversas entre autoridades dos EUA e da China, a notícia de que o governo americano cogita retirar empresas chinesas do mercado de ações americano foi negada pelo principal conselheiro de comércio da Casa Branca, Peter Navarro. “O medo de que a guerra comercial se alastrasse de vez para os fluxos de capital diminuiu”, comentaram os economistas Vitor Sun Zou e Cristina Varela, do BBVA. Eles notam, contudo, que o sentimento de aversão a risco aumentou depois que a atividade industrial de Chicago apresentou contração inesperada em setembro.
Após a divulgação do indicador, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) e de outros títulos públicos inverteram a alta de mais cedo e passaram a cair. Em solo europeu, o yield do Bund alemão de dez anos caiu para -0,574%, enquanto o retorno do Gilt britânico de mesma maturação recuou para 0,486%.
DI1F20: 5,065% (+0,5 bps)
DI1F21: 4,96% (0 bps)
DI1F23: 6,06% (+1 bps)
DI1F25: 6,68% (+2 bps)
DI1F27: 7,01% (+2 bps)
Câmbio
Em setembro, o dólar subiu 0,32%. A alta moderada, contudo, vem na sequência de uma disparada de mais de 8% em agosto, o que indica que o mercado não teve força para ajustar a moeda para baixo, num sinal de que o nível de 4 reais parece ser um novo patamar de equilíbrio de curto prazo. Nesta segunda-feira, último pregão do mês, a moeda teve oscilação positiva de 0,05%, a 4,1555 reais na venda. No acumulado de 2019, o dólar sobe 7,24%.
O fortalecimento do dólar não tem sido exclusivo contra o real. No exterior, um índice que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de importantes divisas bateu nesta segunda-feira o maior nível desde maio de 2017, amparado por fluxos típicos de fim de mês e trimestre, mas também pela maior atratividade do dólar conforme a economia dos EUA tem desempenho relativo melhor em relação a seus pares. Mas o real tem sido especialmente afetado por uma combinação de queda de diferenciais de juros a mínimas recordes e às incertezas sobre o ritmo da economia, que acabam atrasando a volta do fluxo cambial ao país.
“Esperamos que o real continue atrás de seus pares emergentes conforme o Banco Central continua como um dos BCs emergentes mais agressivos no afrouxamento monetário”, disseram analistas do Morgan Stanley em nota a clientes.
“E sem a ajuda do crescimento, será difícil ver uma recuperação sustentada da moeda, em particular porque os preços agora parecem menos atrativos”, completaram.
O BC tem tentado conter a volatilidade no mercado de câmbio via ofertas de dólar no mercado à vista, operações que serão retomadas a partir de terça-feira. Mesmo com o dólar acima de 4 reais, a expectativa de vaivém nos preços diminuiu.
A volatilidade implícita nas opções de dólar/real para três meses caiu nesta segunda-feira a 11,89% ao ano, abaixo dos picos do mês, acima de 13%.
Bolsa
O Ibovespa caiu 0,32%, a 104.745,32 pontos. A exemplo das últimas sessões, o giro financeiro foi discreto, com apenas 13,084 bilhões de reais. Em setembro, o índice avançou 3,57%, o que garantiu o quinto trimestre seguido de alta, ganhando 3,74%.
No fim de semana, a China afirmou que o vice-premiê, Liu He, vai liderar a delegação chinesa nas negociações nos EUA na próxima semana, enquanto o assessor comercial da Casa Branca chamou de ‘fake news’ nesta segunda-feira notícias de que o governo dos EUA considerava deslistar empresas chinesas das bolsas norte-americanas. “Investidores seguem na expectativa para uma nova rodada de negociações entre os países, marcada para 10 de outubro”, destacou a equipe da Ágora Investimentos em nota a clientes.
Agentes do mercado norte-americano não se abalaram pelas notícias de que o presidente dos EUA, Donald Trump, estava pensando em deslistar ações de empresas da China de bolsas nos EUA. Ajudando ainda mais o sentimento, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, negou as afirmativas das notícias e as classificou como “fake news”. O S&P 500 avançou 0,5% na sessão.
Aqui, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que a votação em primeiro turno da reforma da Previdência no plenário do Senado deve ocorrer na terça-feira depois de ser aprovada pela CCJ da Casa. Segundo a pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa do mercado para a taxa Selic no fim de 2019 foi reduzida a 4,75%. Para 2020, a expectativa geral para a Selic seguiu em 5%, mas o Top-5 cortou mais a previsão, de 4,75% para 4,5%.
- EDP BRASIL ON valorizou-se 2,56%, em sessão positiva do setor elétrico. A exceção foi ELETROBRAS com a PNB fechando em queda de 0,31%, tendo de pano de fundo notícias recentes sugerindo um processo complicado para a aprovação na capitalização da empresa no Senado.
- SABESP ON ganhou 2,37%. Analistas do BB Investimentos destacaram em relatório que o novo marco legal do setor de saneamento deve reduzir barreiras à concorrência e estimular o ingresso de capital privado. “Apesar de pontos críticos ainda não solucionados, enxergamos pontos positivos às empresas listadas do setor.”
- IGUATEMI ON avançou 1,28%. A empresa de shopping centers anunciou a venda fracionada de terreno torre residencial em empreendimentos em Sorocaba (SP) e São José do Rio Preto (SP).
- SUZANO ON cedeu 0,30%, tendo de pano de fundo um ambiente ainda desafiador para os preços de celulose. Na semana passada, analistas do Credit Suisse afirmaram que continuavam preocupados com o excesso de estoque no setor de celulose de fibra curta, o que torna menos provável um cenário de recuperação de preço relevante.
- CSN ON perdeu 1,12%, em dia mais fraco para siderúrgicas. USIMINAS PNA perdeu 2,38%. GERDAU PN, porém, avançou 1,00%. O conselho da companhia autorizou a contratação de um ‘Credit Agreement’ de até 800 milhões de dólares. Ainda no setor, VALE ON subiu 0,19%.
Fontes: Valor e Reuters