Juros
Mesmo com o alívio na última sessão do mês, agosto foi um período marcado pelo aumento do prêmio de risco no mercado de juros. Desde fevereiro, as taxas vinham quase numa queda livre, por causa da perspectiva de juros baixos no Brasil e no mundo. A sequência foi interrompida, porém, pela aversão ao risco, com a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que castigou as moedas emergentes e, por aqui, elevou as preocupações dos investidores em relação ao ciclo de cortes da Selic.
Os temores tomaram uma proporção ainda maior com a intervenção surpresa do Banco Central no câmbio, na terça-feira (27), o que abalou a convicção do mercado numa queda intensa de juros em 2019 e na eficiência de estratégias tradicional de hedge, com compra de dólares.
Por três dias seguidos, contados a partir da atuação do BC, o mercado de juros foi assolado por operações de zeragem de posição que levaram a saltos intensos, a cada sessão, de mais de 10 pontos-base. Gestores antecipavam, entretanto, que o movimento seria temporário, seja porque o ajuste de estratégias de defesa seria concluído, seja porque o receio com a política monetária se dissiparia.
Depois da onda de instabilidade que chacoalhou o mercado de juros nos últimos dias, os investidores refazem as contas para avaliar a relação entre risco e retorno na abertura ou retomada de posições na renda fixa.
DI1F20: 5,405% (-7,5 bps)
DI1F21: 5,53% (-11 bps)
DI1F23: 6,59% (-14 bps)
DI1F25: 7,12% (-11 bps)
DI1F27: 7,41% (-12 bps)
Câmbio
O dólar encerrou em queda frente ao real, em dia marcado por viés positivo nos mercados externos, em meio a otimismo em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O dólar à vista teve queda de 0,71%, a 4,1421 reais na venda, em sessão em geral positiva para moedas emergentes.
A moeda norte-americana, no entanto, acumulou alta de 0,43% na semana, e uma valorização de 8,50% no mês de agosto. O dólar futuro de maior liquidez DOLV19 caiu 0,65%, para 4,1475 reais.
O mês de agosto foi marcado por grande volatilidade nos mercados domésticos de câmbio, tendo de pano de fundo as disputas comercias entre EUA e China, as incertezas político-econômicas na Argentina, além das novas atuações do Banco Central no mercado com leilões de swap reverso e venda de dólar à vista.
No mês, o real também foi a moeda que mais apresentou desvalorização frente ao dólar, ficando atrás apenas do peso argentino.
“O real sofreu uma pressão acentuada em agosto, muito por conta do cenário externo caótico. No entanto, acredito que a moeda terá um alívio no próximo mês, já que as questões na Argentina já foram quase totalmente precificadas”, afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe do Banco digital Modalmais.
O Morgan Stanley elevou nesta sexta-feira as projeções para o dólar ante o real para os próximos trimestres e agora vê a moeda norte-americana em 4,15 reais ao fim de setembro.
Em setembro, o BC dá sequência aos leilões em realização neste mês de agosto, quando a autoridade monetária retomou a venda direta de dólares no mercado à vista pela primeira vez em dez anos. O BC fará as operações simultâneas de ofertas de dólar spot, swap reverso e swap tradicional entre 2 e 27 de setembro.
Bolsa
Volatilidade é a palavra que melhor descreve o que foi agosto para os investidores da bolsa. Na mesma semana em que foi até a faixa dos 95 mil pontos, o Ibovespa se recuperou aos 101 mil pontos, amparado pela maior demanda por risco no exterior e pela confiança na economia brasileira. Mas isso não significa que os receios terminaram e os investidores devem seguir acompanhando tanto os avanços na agenda doméstica quanto no exterior antes de empurrar o Ibovespa para níveis mais altos.
A recuperação no curto prazo só foi possível porque, no exterior, acalmaram-se as tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Elas não saíram, no entanto, do radar: qualquer nova escalada da retórica e dos conflitos, via imposição de tarifas ou ameaças nesse sentido, pode voltar a pressionar os mercados, conforme se viu no auge de busca por segurança.
Internamente, o investidor também encontra suporte em dados de atividade recente para tomar mais risco, migrando para a renda variável. Primeiro, o mercado se animou com o PIB divulgado ontem, referente ao segundo trimestre, que mostrou uma retomada acima do esperado pelos analistas. Hoje, foram as informações do mercado de trabalho: a taxa de desemprego do Brasil caiu a 11,8% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pnad Contínua.
Fontes: Valor e Reuters