Juros
Os contratos de juros futuros encerraram a sessão regular desta terça-feira (29) com taxas em leve queda, em um dia marcado por oscilações restritas, onde predominaram apostas quanto ao rumo da política monetária brasileira diante de revisões de baixa para o juro básico. O futuro da agenda reformista do governo permaneceu no radar dos investidores, que também mantiveram no foco a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), cujo consenso do mercado também indica redução das taxas.
O BofA cortou sua projeção para a Selic no fim deste ano de 4,75% para 4,50% e passou a esperar uma redução adicional de 0,50 ponto percentual no juro em fevereiro do próximo ano, levando a Selic a 4%. Em seus modelos, o banco pontua que todas as previsões apontam para novos cortes na taxa de juros e enfatiza que, “em alguns casos, parecem apontar para o risco de uma Selic ainda mais baixa".
Nos Estados Unidos, a expectativa de cortes nas taxas de juros também se mostrou forte. Os contratos futuros dos Fed funds, compilados pelo CME Group, mostram que 97,3% das apostas indicam corte de 0,25 ponto percentual nos juros, que cairiam para a faixa entre 1,50% e 1,75%. A queda mais acentuada do que o esperado do índice de confiança do consumidor americano em outubro contribuiu para essas apostas.
Quanto à agenda de reformas do governo, os agentes digeriram informações sobre os planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que pretende entregar o plano completo ao Congresso ainda esta semana.
DI1F20: 4,755% (-2,6 bps)
DI1F21: 4,37% (-4 bps)
DI1F23: 5,35% (-4 bps)
DI1F25: 6,04% (-1 bps)
DI1F27: 6,43% (-1 bps)
Câmbio
O dólar encerrou esta terça em alta de 0,28%, a 4,0032 reais na venda. Na B3 —onde as operações com derivativos vão até as 18h—, o contrato de dólar futuro mais negociado mostrou elevação de 0,23%, a 3,9990 reais.
A leve alta da moeda nesta sessão manteve o padrão do mercado deste mês, que alterna alguns dias de quedas com sessões de modestos ganhos.
“Nos atuais patamares alguma estabilização de curto prazo pode ser vista”, disse Karen Jones, analista do Commerzbank, que vê as taxas de 3,9843 reais e 4,0502 reais como respectivos níveis imediatos de suporte e resistência.
Em outubro, o dólar acumula depreciação de 3,67%, a caminho da maior baixa mensal desde janeiro. A aprovação da reforma da Previdência no Brasil, expectativas de ingressos de capital, de juros mais baixos nos Estados Unidos, sinais de progresso nas negociações tarifárias entre China e EUA e a maior possibilidade de um Brexit ordenado têm respaldado o alívio para a taxa de câmbio.
Ainda assim, qualquer valorização mais forte do real deve ser limitada pela perspectiva de queda da Selic, que diminui o retorno da moeda doméstica em relação a outras divisas.
Pela pesquisa Focus, do Banco Central, o mercado prevê taxa de 4,00 reais tanto ao fim de 2019 quanto no encerramento de 2020.
Bolsa
O Ibovespa caiu 0,58%, a 107.556,26 pontos. O volume financeiro da sessão somou 15,1 bilhões de reais. As quedas do setor financeiro pesaram no índice, mas o recuo no Ibovespa foi mitigado por papéis da Petrobras.
Por aqui, os agentes aguardam para quarta-feira decisão do Copom sobre política monetária. A previsão majoritária é de corte 0,5 ponto percentual na Selic, para 5% ao ano. Nos EUA, a estimativa dominante é de que o Federal Reserve corte o juro do país em 0,25 ponto percentual, o que levaria a taxa para um intervalo entre 1,5% a 1,75%.
Juros mais baixos melhoram a atratividade da renda variável, e a queda da Selic a sucessivas mínimas históricas tem sido citada por analistas como fator para a alta do Ibovespa.
Nos EUA, o presidente Donald Trump disse que o banco central precisa seguir outros países com juros negativos.
Além de Magazine Luiza, investidores aguardam ainda nesta terça-feira os resultados trimestrais de Smiles, Cielo, Ecorodovias, Raia Drogasil e Multiplan.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,77%, em dia ruim para o setor bancário. BRADESCO PN recuou 1,1% e BANCO DO BRASIL desvalorizou-se 0,27%.
- CCR RODOVIAS perdeu 2,25%, após a empresa anunciar na véspera lucro líquido de 340,2 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 6,9% ante mesmo período de 2018, abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de 445,1 milhões de reais.
- MAGAZINE LUIZA cedeu 3,56%, com o balanço trimestral esperado para após o encerramento da sessão, assim como de CIELO, que ganhou 1,66% e RAIA DROGASIL, que subiu 2,24%, atingindo nova máxima.
- VALE recuou 0,1%, seguindo tendência negativa dos futuros de minério de ferro.
- BRF avançou 0,28%. A empresa anunciou acordo preliminar com autoridade da Arábia Saudita para a construção de uma fábrica de produtos processados de frango no país. No setor, Marfrig recuou 0,09%, e JBS cedeu 0,77%.
- B2W GLOBAL caiu 1,83%, após chegar a acordo para vender produtos da rede Centauro na plataforma online que controla Americanas.com. O Grupo SBF, dono da Centauro, fechou estável.
- EDP BRASIL valorizou-se 0,76%, após ter subido 2,49% na sessão da véspera.
- PETROBRAS PN ganhou 0,74%. O presidente da petrolífera afirmou que o processo de venda das primeiras refinarias teve a conclusão postergada e projetou que um negócio pelos ativos pode ser anunciado até março de 2020.
- OI ON fechou em alta de 3,3 por cento. Mais cedo, executivos das rivais TIM e Telefônica Brasil afirmaram durante fórum do setor de telecomunicações que podem considerar compra de ativos da empresa se eles forem colocados à venda.
- KLABIN UNIT teve queda de 0,7%. Em teleconferência com analistas, executivos da companhia citaram que esperam que os preços de celulose de fibra curta fiquem estáveis até o Ano Novo Chinês, no final de janeiro do próximo ano.
Fontes: Valor e Reuters