Juros
Além da tensão no exterior, o clima de incerteza no cenário político também impactou o mercado brasileiro. O governo de Jair Bolsonaro tropeça em declarações polêmicas, disputas diplomáticas e vê seu alicerce da popularidade perdendo força. A notícia de possível envolvimento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nos casos da Odebrecht durante o fechamento da bolsa impactou negativamente os futuros, que fecham após o mercado de ações.
DI1F20: 5,455% (+4,5 bps)
DI1F21: 5,55% (+11 bps)
DI1F23: 6,61% (+17 bps)
DI1F25: 7,10% (+16 bps)
DI1F27: 7,38% (+14 bps)
Câmbio
O dólar começou a semana em nova alta contra o real, com o mercado ansioso acerca de ofertas de liquidez no plano doméstico tendo como pano de fundo um ambiente de incerteza comercial no exterior. O dólar à vista fechou com valorização de 0,37%, a 4,1396 reais na venda.
O cenário externo arisco voltou a pesar sobre o câmbio, e analistas têm destacado a persistência da fragilidade do real, que em agosto consegue ter desempenho melhor apenas que o combalido peso argentino.
O novo dia de alta do dólar ocorreu a despeito de o Banco Central ter anunciado, na sexta à noite, que dará sequência ao longo de setembro às trocas de swaps cambiais por dólares das reservas, em operação que pode colocar no mercado à vista até 11,6 bilhões de dólares.
“Começa a haver mais comentário sobre a necessidade de o BC ser mais ativo e fazer venda de dólares ‘novos’ das reservas”, disse um gestor, sob condição de anonimato.
Outro profissional chamou atenção para o vencimento de 3,8 bilhões de dólares em linhas de moeda com compromisso de recompra previsto para o começo de setembro. Até o momento o BC não anunciou a rolagem desses recursos, o que tem aumentado a ansiedade de profissionais do câmbio diante do risco de esse montante ou parte dele ser retirado do sistema.
Bolsa
O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, 1,27%, a 96.429,60 pontos, engatando o terceiro pregão seguido no vermelho, reflexo de cautela e movimentos de realização de lucros diante de um ambiente externo sensível a questões comerciais, além de ruídos domésticos. Em agosto, o Ibovespa já acumula queda de 5,3%, caminhando para a primeira perda mensal em cinco meses.
O cenário político na Argentina e mesmo a repercussão global das queimadas na Amazônia corroboraram o clima mais pesado nos negócios, em um momento no qual os agentes estrangeiros seguem na defensiva na bolsa paulista, com o saldo de capital externo no mês negativo em quase 11 bilhões de reais.
O noticiário doméstico trouxe pesquisa CNT/MDA, que mostrou piora na avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro, para 29,4%, ante 38,9% na pesquisa anterior. O percentual dos que desaprovam o desempenho pessoal saltou de 28,2% para 53,7%.
MRV (MRVE3) caiu 5,77%, ajustando pelo segundo pregão seguido, após valorização recente na esteira do anúncio pela Caixa Econômica Federal de nova linha de financiamento imobiliário vinculada ao IPCA. Cyrela (CYRE3) cedeu 2,94%.
B3 (B3SA3) perdeu 3,49%, engatando a terceira sessão negativa, após fechar perto da máxima histórica na última quarta-feira, tendo acumulado até então alta de 8,6% em agosto.
Via Varejo (VVAR3) recuou 4,57%, dando continuidade ao ajuste em agosto após valorização de mais de 50% em julho apoiada em expectativas com a mudança no comando da companhia.
Cielo (CIEL3) avançou 0,83%, entre as poucas altas do Ibovespa, com o anúncio do Cielo Pay, sistema para transações financeiras por meio de contas de pagamentos, num modelo similar ao de fintechs que vêm crescendo velozmente no país.
Petrobras PN (PETR4) teve decréscimo de 1,32%, conforme o petróleo piorou no exterior. No noticiário envolvendo a companhia, a Reuters publicoue que o grupo formado por Itaúsa, Copagaz e Nacional Gás Butano apresentou a melhor oferta vinculante para aquisição de sua fatia na Liquigás.
BTG Pactual Units (BPAC11) despencou 18,48%, no segundo pregão de fortes perdas, após reportagem de que a instituição estaria envolvida em esquema de lavagem de dinheiro. O banco negou em comunicado qualquer irregularidade. Na sexta-feira, as units já tinham caído 15,2%, após operação da Polícia Federal de busca e apreensão em escritórios do banco e na casa de seu fundador, no âmbito da operação Lava Jato. Os ajustes vêm após as units acumularem alta de quase 200% em 2019.
Fontes: Valor e Reuters