Juros
Com a proximidade da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado aproveita todos os dados disponíveis para tentar antecipar o movimento da autoridade no dia 31. Nesta terça-feira (23), com novas informações sobre o quadro de inflação, os investidores viram espaço para intensificar ainda mais as apostas no corte.
Segundo Solange Srour, economista da ARX Investimentos, o que permite o início do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil são as expectativas de uma inflação ancorada, a inflação corrente benigna, a atividade econômica estagnada e a aprovação da reforma da Previdência que permitiu uma queda da taxa de juros de equilíbrio (menor risco inflacionário). Ela afirma também que os modelos do Banco Central apontam um espaço para a queda de juros neste momento, segundo os números divulgados na última ata do Copom e no relatório de inflação.
O que permite o movimento é a mudança no discurso dos bancos centrais ao redor do mundo, avanço concreto na reforma da Previdência, ambiente estruturalmente benigno para a inflação e o crescimento decepcionante da atividade. A casa também cortou a projeção de crescimento para o PIB de 1,2% para 0,7% em 2019 e de 2,2% para 1,9% em 2020.
DI1F20: 5,60% (-5 bps)
DI1F21: 5,43% (-7 bps)
DI1F23: 6,31% (-7 bps)
DI1F25: 6,87% (-9 bps)
DI1F27: 7,20% (-9 bps)
Câmbio
O dólar acelerou a alta a 1% ante o real nesta terça-feira, na maior valorização diária em mais de um mês, diante de um mix de fatores que inclui ajuste nas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos, o acordo para aumentar limite de gastos nos EUA e perspectiva de queda ainda mais intensa no diferencial de juros entre Brasil e EUA.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas tinha ganho de 0,44%, a 97,681, na máxima desde 18 de junho.
O dólar voltou a tomar fôlego no mundo depois de o Fed de Nova York conter expectativas de um corte mais agressivo de juros nos EUA no fim deste mês. Além disso, a moeda tinha suporte nesta sessão com o acordo firmado entre a Casa Branca e líderes do Congresso norte-americano para evitar um novo "shutdown".
As chances de menor alívio monetário nos EUA ganhavam força enquanto no Brasil os mercados cogitavam redução mais expressiva de juros até o fim do ano. Assim, o diferencial de taxas entre os dois países ficaria menos favorável ao Brasil, o que tiraria estímulo a fluxos para a renda fixa doméstica.
Bolsa
O Ibovespa teve leve baixa nesta terça-feira, -0,24% a 103.704,28 pontos, com o otimismo de um possível avanço das negociações entre Estados Unidos e China compensando parcialmente o efeito do declínio das ações da Vale (VALE3), em dia também marcado pelo início da temporada de balanços do segundo trimestre de empresas da bolsa paulista. O giro financeiro da sessão somou 10,6 bilhões de reais.
Os índices de Wall Street fecharam em alta após a notícia de que o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e funcionários de alto escalão dos EUA viajarão a Xangai na segunda-feira para reuniões presenciais sobre comércio com autoridades chinesas, informou a Bloomberg, citando fontes não identificadas.
No cenário doméstico, o foco foi o início da safra de balanços trimestrais, com Santander (SANB11) apresentando resultados sólidos. Cielo (CIEL3) divulga seu balanço após o fechamento.
Santander avançou 0,51%. O banco informou mais cedo que o lucro líquido recorrente, que exclui itens extraordinários, chegou a 3,635 bilhões de reais, 20,2% maior do que em igual período de 2018.
Cielo teve queda de 3,57%, após passar grande parte do dia em forte alta, antes da divulgação do balanço, que analistas esperam que venha pressionado. Agentes no mercado também repercutiam a chance de a empresa estar na mira de empresas chinesas como publicou o jornal o Estado de S. Paulo.
Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 2,16%, em dia de queda de varejistas, após notícia de que os saques do FGTS devem incluir proposta de retirada de apenas 500 reais neste ano, com saques maiores apenas em 2020. No setor, B2W (BTOW3) -2,01% e Via Varejo (VVAR3) perdeu 1,84%.
MRV (MRVE3) valorizou-se 1,41%, também embalada pelo noticiário relacionado às medidas contemplando saques do FGTS, uma vez que as primeiras propostas traziam preocupação sobre diminuição de recursos para financiamento à construção civil.
Vale recuou 1,32%, com os preços de referência do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian caindo ao menor nível em seis sessões, pressionados por uma menor demanda devido a uma nova onda de restrições à produção de aço no polo siderúrgico de Tangshan.
JBS (JBSS3) avançou 3,1%. A empresa anunciou nesta terça-feira uma operação para captar ao menos 500 milhões de dólares em notas no exterior com prazo de 10,5 anos, informou o IFR, serviço da Refinitiv.
Fontes: Valor e Reuters