Juros
Com a inflação medida pelo IPCA-15 de outubro acima do esperado pelos mercados, os juros futuros exibiram recomposição de prêmio de risco em toda a curva, com um movimento mais acelerado nos vértices intermediários e longos. As apostas de uma redução mais agressiva da Selic, ainda este ano, se esvaíram, mas o cenário de continuidade do afrouxamento monetário segue no radar dos agentes do mercado, diante do caráter comportado da inflação.
Enquanto a estimativa mediana do mercado indicava o IPCA-15 em 0,04% em outubro, o indicador surpreendeu e superou as projeções ao subir 0,09% na comparação com setembro. Em 12 meses, o dado acumulou alta de 2,72%. Mesmo acima do esperado, os dados confirmam que o país seguirá “sem pressões de preços em um futuro próximo”, avaliaram economistas do Safra em relatório enviado a clientes. O banco projeta que a Selic chegará, ao fim do ano, em 4,50% e cairá para 4% em 2020.
Os investidores acompanham, ainda, a fase final da tramitação da reforma da Previdência no Senado. Durante a manhã, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa aprovou o texto da reforma, preparando a matéria para ser votada ainda hoje, em segundo turno, no plenário. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), iniciou a discussão para a votação da PEC da Previdência após o fim da sessão regular. A expectativa é de que o texto principal seja aprovado ainda nesta terça.
DI1F20: 4,85% (+2,1 bps)
DI1F21: 4,53% (+8 bps)
DI1F23: 5,52% (+11 bps)
DI1F25: 6,19% (+9 bps)
DI1F27: 6,56% (+10 bps)
Câmbio
O dólar registrou nesta terça-feira a maior queda ante o real em quase sete semanas em meio ao noticiário sobre a reforma da Previdência, a expectativas de fluxo e a uma correção de apostas mais negativas contra a taxa de câmbio doméstica.
No mercado à vista, o dólar caiu 1,33%, a 4,0757 reais na venda.
Bolsa
O Ibovespa subiu 1,28%, a 107.381,11 pontos, perto da máxima da sessão, de 107.420,73 pontos. O volume financeiro somava 16,67 bilhões de reais.
A perspectiva de aprovação no Congresso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda as regras de acesso às aposentadorias respaldou a trajetória de alta do Ibovespa, com agentes de mercado chamando a atenção para o potencial transformacional à economia.
A XP Investimentos ainda destacou que, superada esta etapa, o foco passará a outras pautas tão ou mais importantes que a previdência, como reformas tributária e administrativa, além de pautas microeconômicas e setoriais, como a agenda de privatizações, o leilão da cessão onerosa, entre outros.
O viés otimista para as ações brasileiras ainda encontrou de pano de fundo o IPCA-15 nesta terça-feira, que reforçou o prognóstico de novos cortes nos juros no Brasil, embora acima do esperado, o que motivou ajustes nos contratos de DI.
Investidores também estão na expectativa da temporada de resultados de terceiro trimestre das empresas brasileiras, com a agenda desta semana contemplando os números das gigantes Petrobras e Vale, entre outros nomes com relevante peso no Ibovespa.
Lisa Shalett, da área de gestão de fortunas do Morgan Stanley, elencou em nota publicada no Twitter fatores que podem beneficiar ações de fora dos EUA, entre eles perspectivas de um acordo comercial EUA-China e mais alívio monetário pelo Fed, catalisadores especialmente a emergentes.(bit.ly/35VUV30)
No exterior, o norte-americano S&P 500 fechou com variação negativa de 0,36%, mas manteve-se próximo da máxima histórica de 3.027,98 pontos do final de julho, com resultados corporativos nos Estados Unidos ajudando a aliviar preocupações sobre os efeitos da guerra comercial Washington-Pequim.
O ânimo em Wall Street arrefeceu depois que parlamentares britânicos rejeitaram o cronograma de ratificação do acordo do Brexit, na sequência de votação favorável à segunda leitura do acordo do processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Na máxima, o S&P 500 chegou a 3.014,57 pontos.
- PETROBRAS PN subiu 2,9% e PETROBRAS ON avançou 3%, encontrando respaldo na alta dos preços do petróleo no exterior, além de expectativas para o resultado da companhia, previsto para a quinta-feira. Analistas do Credit Suisse citaram que a companhia tinha tudo para apresentar um terceiro trimestre fantástico, mas o forte aumento de produção tende a ser compensado pela queda nos preços médios do petróleo Brent no período. Eles também esperam alguns efeitos não recorrentes, mas ressaltaram que a desalavancagem deve ser um dos principais pontos positivos, conforme relatório a clientes nesta terça-feira.
- YDUQS fechou com elevação de 5,1%, ainda embalada pelo anúncio da véspera, de aquisição do grupo de ensino superior privado Adtalem Brasil, dono do Ibmec, que analistas consideraram ‘transformacional’.
- GOL PN avançou 6%, apoiada por queda forte do dólar ante o real. A Eleven Financial estima que, no terceiro trimestre, a aérea deve apresentar rentabilidade com maiores preços de passagens nas rotas antigamente operadas pela Avianca. “A tendência de aumento na tarifa média poderá ser mantida no curto prazo, dado que empresas ‘low cost’ estão operando rotas internacionais”, publicou a casa de análise no Twitter. AZUL PN subiu 3,2%.
- VALE fechou com oscilação positiva de 0,2%, um dia após anunciar que suspendeu temporariamente operações na barragem de rejeitos de Itabiruçu, localizada no Complexo de Itabira (MG), enquanto conduz avaliações sobre a estrutura. A mineradora ainda ajustou o intervalo do guidance de vendas. Analistas do Itaú BBA consideraram os anúncios neutros do ponto de vista de volumes, mas ligeiramente positivo para preços - visão endossada pela alta nos futuros de minério de ferro na China nesta sessão.
- BRASKEM PNA caiu 2,2%, destaque na ponta negativa. A petroquímica anunciou nesta terça-feira oferta em dinheiro por 2 bilhões de dólares em títulos com vencimentos entre 2021 e 2023. Analista do Safra também reiterou recomendação ‘neutra’ para as ações, citando principalmente os níveis contínuos de spread de petroquímicos atualmente nas mínimas do ciclo, além de fatores negativos enfrentados pela empresa. O preço-alvo para o final de 2020 foi ajustado a 34,5 reais, de 36,9 reais para o final de 2019.
Fontes: Valor e Reuters