Juros
O clima de cautela com o risco de recessão global se estendeu para o mercado de juros. As taxas futuras oscilaram na B3 entre a estabilidade e altas moderadas ao longo da sessão desta quinta-feira (22), à espera de novas declarações das principais autoridades monetárias do mundo.
Os investidores evitam movimentos mais ousados no mercado, enquanto aguardam os discursos de dirigentes do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE), na conferência anual de Jackson Hole nos próximos dias. As declarações de representante do Fed e do BCE ganham ainda mais relevância por causa do risco, cada vez mais presente, de uma recessão global. O temor, entretanto, é que os esforços das autoridades não sejam suficientes para sustentar a atividade econômica.
Por aqui, a aposta de que a inflação ficará abaixo da meta perseguida pelo Banco Central, nos próximos anos, segue firme no mercado, mesmo com o clima de nervosismo global que pressionou o câmbio nos últimos dias. Ainda que ninguém baixe a guarda contra os riscos no cenário, analistas afirmam que a ancoragem de expectativas foi pouco abalada e mantém o caminho aberto para novos cortes de juros.
Hoje, este quadro benigno de inflação foi reforçado pelo resultado do IPCA-15, que subiu apenas 0,08% em agosto, metade da alta projetada por analistas. E inflação bem ancorada respalda a trajetória de queda da Selic, dizem os analistas.
DI1F20: 5,39% (+1 bps)
DI1F21: 5,38% (+1 bps)
DI1F23: 6,38% (+2 bps)
DI1F25: 6,89% (+3 bps)
DI1F27: 7,20% (+2 bps)
Câmbio
O dólar saltou mais de 1% ante o real nesta quinta-feira, em novo dia de fraqueza para divisas emergentes em meio a dúvidas sobre a disposição do banco central dos Estados Unidos de cortar mais os juros. O dólar à vista fechou em alta de 1,15%, a 4,0776 reais na venda. Na B3, o dólar de maior liquidez subia 1,38%, para 4,0835 reais.
O real teve o pior desempenho entre as principais divisas emergentes nesta sessão, acompanhado na sequência por pares como peso mexicano, lira turca e rupia indiana.
Nem mesmo a venda integral dos 550 milhões de dólares em moeda física pelo Banco Central, depois de colocação parcial na véspera, conseguiu amenizar a pressão no mercado à vista.
Para um profissional da mesa de câmbio de um grande banco “dealer”, por ora o efeito dos leilões tem sido “neutro”, já que as saídas de recursos continuam “fortes”. Mas ele também disse esperar uma “gradual melhora” dos fluxos no mercado spot conforme as operações do BC se estendam.
De toda forma, o cenário externo continuou com peso predominante na formação do preço do câmbio local. O dólar subiu forte contra várias divisas emergentes, com o mercado buscando a segurança da divisa norte-americana diante da possibilidade de o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, esfriar mais, na sexta-feira, expectativas de novos cortes de juros pelo Fed.
Nesta quinta, mais dois presidentes regionais do Fed —Esther George, de Kansas City, e Patrick Harker, da Filadélfia— disseram não ver necessidade de novos estímulos.
Em queda na casa de 6% em agosto, o real amarga o segundo pior desempenho dentre 33 pares do dólar no mês, melhor apenas que o peso argentino, que desaba 20,6%.
Bolsa
O Ibovespa caiu 1,18%, a 100,011 pontos, nesta quinta-feira, após a forte alta da véspera, com investidores preferindo cautela, aguardando novidades sobre a política monetária no discurso do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, em evento na sexta-feira. Apesar da pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, ele não deve adotar um tom muito distante daquele adotando em julho, quando o banco central cortou a taxa de juros pela primeira vez em uma década. Membros do Fed têm indicado indisposição para fazer mais um corte.
Para o presidente da gestora BlackRock no Brasil, Carlos Takahashi, o fato de potenciais mecanismos para estimular o crescimento mundial -tanto por vias fiscais, como monetárias- ainda estarem no campo das hipóteses tem corroborado a volatilidade experimentada nos mercados mais recentemente.
Magazine Luiza (MGLU3) recuou 5,77%, com a valorização no mês até a véspera alcançando 10,8%. B2W (BTOW3) caiu 2,14% e Via Varejo (VVAR3) perdeu 3,9%.
Gol PN (GOLL4) e Azul PN (AZUL4) cederam 5,06% e 3,78%, respectivamente, entre as maiores quedas, em meio à alta do dólar em relação ao real.
BRF (BRFS3) subiu 3,13%, conforme o setor continua se beneficiando do aumento da demanda em razão da peste suína africana. Marfrig (MRFG3) ganhou 4,07% e JBS (JBSS3) recuou 0,65%.
Eletrobras PNB (ELET6) ganhou 4,02% e Eletrobras ON (ELET3) evoluiu 4,07%, ampliando ganhos da véspera, diante de expectativas ligadas à privatização da elétrica.
Fontes: Valor e Reuters