Juros
Os juros futuros voltaram a precificar novos cortes na Selic nesta sexta-feira (20), ainda em reação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta (18). Com queda de uma extremidade à outra, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) não reagiram aos riscos vindos das tensões comerciais sino-americanas, e nem mesmo a alta do dólar, ocorrida durante a manhã desta sexta, alterou a perspectiva de juro mais baixo no Brasil até o fim do ano.
Diante da surpresa dos agentes com os sinais do Copom em relação aos cortes nos juros, o contrato para janeiro de 2021 observou o maior volume financeiro semanal desde a semana de 26 de agosto e as taxas sofreram a maior queda semanal em um ano. Já o contrato para 2020 teve o maior volume financeiro semanal do ano.
O que pode alterar a perspectiva para os juros futuros é a agenda carregada para a política monetária brasileira na próxima semana. Os investidores devem ficar atentos à ata da reunião do Copom e ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI), além do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
As expectativas de inflação estão no foco dos agentes, principalmente depois da forte alta do dólar. Nesta sexta, a moeda americana chegou a operar acima de R$ 4,18, mas perdeu fôlego ao longo do pregão e fechou a R$ 4,15. O avanço do dólar no início do dia, porém, não chegou a afetar muito claramente os juros futuros. “A inflação está tranquila. O mercado, que ontem ficou um pouco nervoso à tarde, devolveu um pouco do prêmio, apesar do dólar ter chegado a R$ 4,18”, disse Paulo Nepomuceno, estrategista-chefe da Coinvalores.
DI1F20: 5,105% (-2 bps)
DI1F21: 4,97% (-8 bps)
DI1F23: 6,08% (-13 bps)
DI1F25: 6,69% (-14 bps)
DI1F27: 7,03% (-13 bps)
Câmbio
O dólar encerrou em forte alta contra o real nesta quinta-feira, superando a marca de 4,16 reais, um dia depois de o Banco Central cortar a Selic e sinalizar mais redução na taxa básica de juros à frente. O dólar à vista teve alta de 1,50%, a 4,1642 reais na venda.
Segundo relatório da equipe de análise da Correparti Corretora de Câmbio, a valorização do dólar teve como principal ‘driver’ a fuga de capital estrangeiro, especialmente de fundos especulativos, em busca de melhor remuneração, após o BC cortar a taxa Selic.
“Estes fundos predadores foram a mercado comprar dólares para aportarem em outros países emergentes que têm melhor rentabilidade e um custo de hedge mais baixo como o México.”
O Banco Central cortou na quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, a 5,50% ao ano, dando sequência ao ciclo de afrouxamento monetário em meio à débil recuperação econômica, num processo que deve seguir adiante, segundo sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom).
No acumulado de setembro até dia 13, o fluxo cambial financeiro estava negativo em 1,8 bilhão de dólares, segundo o BC.
O corte nos juros brasileiros veio na sequência de uma redução dos juros também nos Estados Unidos. O Federal Reserve reafirmou que a perspectiva econômica dos EUA é “favorável”, com o mercado de trabalho forte e a inflação provavelmente retornando à meta do Fed (2%).
Bolsa
Em mais uma sessão de alta volatilidade, o Ibovespa avançou e atingiu o maior nível de fechamento semanal da história, com papéis de bancos e da JBS sustentando a alta do índice, enquanto novos desdobramentos na guerra comercial EUA-China prejudicaram o viés positivo.
O Ibovespa subiu 0,32%, a 104.670,08 pontos, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro somava 13,7 bilhões de reais. Na semana o índice avançava 1,13%.
Fontes: Valor e Reuters