Juros
Depois da instabilidade no começo do dia, o mercado de juros se acomodou e terminou com taxas bem próximas da estabilidade. O clima de cautela, que tem castigado os emergentes, continua a pairar sobre os negócios. No entanto, analistas e profissionais de mercado afirmam que a perspectiva de juros ainda mais baixos no Brasil não saiu dos trilhos.
De acordo com analistas, o vaivém dos últimos dias é mais um sinal da preocupação do investidor com o risco de recessão global num ambiente de guerra comercial entre Estados Unidos e China. Isso tudo traz algumas dúvidas sobre o ciclo de corte de juros, caso o ambiente se agrave. Se isso esse cenário se intensificar, o balanço do risco do Banco Central pode ser afetado e mostrar riscos maiores para juro alto.
Na sua última decisão de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) reiterou que uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. “O risco se intensifica no caso de reversão do cenário externo benigno para economias emergentes”, apontava.
Economistas que se reuniram na manhã desta terça com dirigentes do Banco Central reconheceram a piora do ambiente global e alertaram para os riscos crescentes de uma desaceleração mais intensa da economia. No entanto, pelo menos por ora, a leitura é de que o quadro não tira a política monetária do país dos trilhos e existe espaço para novos cortes de juros.
DI1F20: 5,435% (-1,5 bps)
DI1F21: 5,45% (-2 bps)
DI1F23: 6,44% (0 bps)
DI1F25: 6,95% (0 bps)
DI1F27: 7,25% (0 bps)
Câmbio
O dólar fechou em queda ante o real nesta terça-feira, conforme a moeda norte-americana caiu frente a outras divisas na esteira da baixa nos rendimentos dos Treasuries, movimento que reduz a atratividade do dólar como investimento. A cotação negociada no mercado à vista caiu 0,40%, a 4,0516 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez cedia 0,58%, a 4,0555 reais nesta terça-feira.
O dólar caía ante 24 dentre 33 pares, com moedas emergentes como peso colombiano, rand sul-africano e peso chileno liderando os ganhos, numa correção parcial depois de firme desvalorização na véspera.
A volatilidade moderou, mas segue bem acima de mínimas recentes, num sinal de que o mercado continua a esperar intenso vaivém no câmbio.
Em agosto, o dólar acumula alta de 6,14%, a caminho da maior valorização mensal desde agosto do ano passado (+8,46%). O aumento dos temores de desaceleração forte em importantes economias, chances de os Estados Unidos cortarem os juros em ritmo mais lento e a crise na Argentina compõem o quadro desfavorável ao real neste mês.
Nesta semana, as atenções do mercado estão voltadas para a agenda do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), com a divulgação na quarta-feira da ata de sua última reunião de política monetária, enquanto no fim da semana começa o simpósio anual de Jackson Hole, onde várias autoridades se reunirão para discutir as questões atuais da economia mundial.
O mercado acompanhará ainda na quarta o primeiro dia dos leilões simultâneos de venda de dólares das reservas e de contratos de swap cambial reverso. As operações visam trocar posição cambial do Banco Central do mercado de derivativos para o spot.
Bolsa
O índice fechou esta terça-feira perto da estabilidade, após cair mais de 1% durante o dia, em meio aos temores sobre o ritmo da economia global. O Ibovespa caiu 0,25%, a 99.222,25 pontos. O giro financeiro da sessão somou 15,5 bilhões de reais.
Mercados internacionais seguiram atentos à possibilidade de uma recessão global, também de olho nos desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China. O presidente Donald Trump disse que Pequim ainda quer chegar a um acordo comercial. Também falou que seu governo gostaria de cortar impostos, mas ressalvou que não estava falando sobre fazer algo agora.
O ambiente global tenso faz investidores internacionais enxergarem mais riscos em mercados emergentes, motivando uma fuga de recursos do país. Números sobre as negociações dos estrangeiros na bolsa paulista mostram saldo negativo de 20 bilhões de reais em 2019, maior saída líquida em 23 anos. Apenas em agosto, a saída supera a entrada em 9,6 bilhões.
O mercado segue monitorando a atuação dos bancos centrais para conter os riscos relacionados à desaceleração econômica global. Nesse sentido, destaca-se as atas de reuniões de política monetária dos BCs dos EUA (quarta) e da zona do euro (quinta), além do simpósio do Federal Reserve em Jackson Hole a partir de sexta, com autoridades de vários países.
B2W (BTOW3) saltou 3,08%, após anúncio de aumento de capital de 2,5 bilhões de reais para melhorar a estrutura de capital para seguir investindo na plataforma digital. A controladora Lojas Americanas PN (LAME4), que se comprometeu a participar da operação, perdeu 0,68%.
Via Varejo (VVAR3) subiu 4,9%, recuperando fôlego após quatro dias de baixa. Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 3,44%.
Braskem PNA (BRKM5) cedeu 2,59%, após divulgar na noite da véspera que tomou conhecimento de ação do Ministério Público Federal ligada a afundamento e rachaduras no solo em Maceió, que inclui pedido de tutela de urgência para apresentação de garantias no valor de 20,5 bilhões de reais, além da suspensão de financiamentos e incentivos governamentais.
Vale (VALE3) subiu 0,44%, mesmo com queda dos preços do minério de ferro na China, em sessão positiva para papéis de mineração e siderurgia. CSN (CSNA3) avançou 3,6%, Usiminas PNA (USIM5) ganhou 2,97% e Gerdau PN (GGBR4) subiu 0,41%.
GPA (PCAR4) avançou 1,87%, tendo no radar elevação da oferta por suas ações detidas pela colombiana Almacenes Éxito, de 109 para 113 reais.
Fontes: Valor e Reuters