Juros
Os juros futuros encerraram a sessão regular desta segunda-feira (18) em alta. A perspectiva de aceleração da atividade econômica esteve no radar dos investidores e voltou a fortificar o cenário de uma Selic estável após dezembro.
Após uma sexta-feira (15) com o mercado fechado por aqui, devido ao feriado da Proclamação da República, os juros futuros iniciaram a segunda-feira em queda e se mantiveram em baixa até momentos antes do fim da sessão regular, diante de um ajuste de posições dos investidores. Na ponta curta da curva, porém, as taxas oscilaram perto da estabilidade desde o início do dia, em reação a indicadores recentes, que reforçam a percepção de que a Selic pode ficar inalterada após um corte de 0,50 ponto em dezembro.
No Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, embora as expectativas para o IPCA continuem em níveis confortáveis, o ponto médio das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do próximo ano passou de 2,08% para 2,17%, enquanto a mediana das projeções para a Selic no fim de 2020 caiu de 4,50% para 4,25%.
DI1F20: 4,722% (-0,5 bps)
DI1F21: 4,68% (+4 bps)
DI1F23: 5,79% (+6 bps)
DI1F25: 6,36% (+5 bps)
DI1F27: 6,67% (+4 bps)
Câmbio
No Brasil, a força do dólar seguiu amparada pela ausência de expectativa de ingresso de capital no curto prazo, depois da frustração com a participação estrangeira no leilão do excedente da cessão onerosa, no começo de novembro. Ao término do pregão no mercado à vista, às 17h, o dólar subiu 0,30%, a 4,2061 reais na venda. Na B3, em que os negócios com mercado futuro vão até às 18h15, o contrato de dólar de maior liquidez teve alta de 0,44%, a 4,2185 reais. Na máxima no mercado futuro, a moeda foi a 4,2130 reais. No segmento spot, o pico do dia foi de 4,2102 reais na venda.
Para cotações marcadas durante os negócios (intradia), a máxima de todos os tempos para o dólar interbancário ainda é em torno de 4,25 reais, patamar alcançado em 24 de setembro de 2015, dias depois de a agência de classificação de risco S&P rebaixar a nota de crédito soberano do Brasil a grau especulativo.
A alta do dólar nesta sessão deu sequência a um movimento visto ao longo do mês. No acumulado de novembro, a moeda sobe 4,91%, mais do que anulando a queda de outubro (-3,52%) e a caminho da maior valorização mensal desde agosto (+8,51%).
A combinação entre decepção com o leilão do pré-sal de 6 de novembro, convulsão social na América Latina, ruídos políticos locais e exterior ainda afetado por incertezas comerciais tem impulsionado a divisa, que ganha ainda frente a várias outras emergentes.
Nesta sessão, as maiores altas do dólar eram contra peso mexicano, rand sul-africano, peso filipino, peso chileno e peso colombiano —todas divisas emergentes.
Em relatório, o Credit Suisse chama atenção para os efeitos das expectativas quanto a possíveis intervenções do Banco Central no câmbio. Segundo o banco suíço, qualquer expectativa de atuação do BC neste momento pode ser frustrada, o que poderia dar mais fôlego ao dólar.
Além disso, estrategistas do Credit falam em “proliferação” de estruturas de opções com barreiras acima de 4,20 reais, que, rompidas, poderiam causar uma aceleração na alta do dólar.
“A natureza assimétrica de riscos direcionais sobre expectativas de intervenção, combinada com a extensão da decepção com o leilão de petróleo, nos deixa receosos sobre tentar minimizar a força do dólar a partir dos atuais níveis”, afirmaram os profissionais.
O dólar em recorde histórico nominal, contudo, não é visto por alguns no mercado como sinal de um Brasil mais arriscado. “Há tempos que o câmbio perdeu aderência ao risco-país, que está em baixa. O dólar reage a muitas outras questões, entre elas externas”, disse Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset.
Bolsa
O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira diante do enfraquecimento das ações de bancos e da Petrobras, em sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações na bolsa e noticiário misto acerca das negociações comerciais China-EUA. O Ibovespa cedeu 0,27%, a 106.269,25 pontos. O volume financeiro somou 26,9 bilhões de reais, inflado pelo exercício de opções na primeira etapa do pregão, que totalizou quase 9 bilhões de reais.
No exterior, notícia de que China e EUA mantiveram “negociações construtivas” sobre comércio em um telefonema de alto nível no sábado favoreceu os ganhos do começo do dia, mas o fôlego arrefeceu com relatos de pessimismo em Pequim devido à relutância do presidente norte-americano em retirar tarifas sobre produtos chineses.
Em Wall Street, o S&P 500 encerrou com variação positiva de apenas 0,05% com agentes financeiros à espera de maior clareza sobre as negociações comerciais, desempenho suficiente para renovar máxima história.
“Investidores preferiram realizar parte dos lucros recentes e o mercado ficou em compasso de espera”, ressaltou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, destacando que os investidores continuam bem cautelosos em relação às negociações entre EUA e China.
As dúvidas sobre a situação comercial dos dois gigantes econômicos ajudaram o dólar a fechar numa máxima recorde nesta segunda-feira, acima de 4,20 reais na venda.
Chinchila também destacou que, no Brasil, a agenda está vazia e não são esperadas grandes novidades, já que não há expectativa de avanços em reformas no Congresso até o fim do ano.
- MARFRIG subiu 5,56%, após três quedas seguidas, tendo no radar anúncio da companhia de que fechou acordo para aumentar a participação no capital social da controlada norte-americana National Beef de 51% para 81,73%, o que repercutiu positivamente entre analistas. O BTG Pactual aproveitou o anúncio para elevar o preço-alvo das ações a 12 reais, enquanto seguiram com recomendação ‘neutra’.
- JBS ON avançou 1,94%, também encerrando série de três sessões de perdas. Analistas do Santander Brasil elevaram o preço-alvo dos papéis para o final de 2020 a 43 reais, de 35 reais, bem como reiteraram recomendação de compra, após incorporar os resultados da companhia no terceiro trimestre e destacando principalmente a perspectiva mais positiva para a exportação de proteínas nos Estados Unidos.
- SUZANO ON fechou em alta de 3,19%, recuperando parte das perdas nos dois pregões anteriores, particularmente na quinta-feira, quando encerrou o dia em baixa de 2,6%. A valorização do dólar em relação à moeda brasileira, para a máxima histórica de 4,2061 reais, ajudou na reação, uma vez que, entre outros efeitos, ajuda na geração de caixa da companhia. Klabin UNIT fechou em alta de 0,3%, antes de anunciar pagamento antecipado de 2,4 bilhões de reais ao BNDES, em estratégia de redução de custo de dívida.
- YDUQS ON caiu 3,81%, maior declínio do Ibovespa, corrigindo parte da forte valorização na última quinta-feira, véspera de feriado, quando fechou com acréscimo de 4,7%. Na quarta-feira, o papel já havia subido 2,3%.
- CEMIG PN recuou 2,17%, após prejuízo líquido de 281,8 milhões de reais no terceiro trimestre, diante de contingenciamento bilionário para o cumprimento de contribuições tributárias. Analistas da Mirae Asset avaliaram que, no geral, o resultado financeiro ficou abaixo do esperado, mas destacaram que a empresa ainda pode ser privatizada ou continuar vendendo ativos não estratégicos, o que agradaria o mercado.
- SABESP ON valorizou-se 0,62%, tendo no radar resultado trimestral, mostrando lucro líquido entre julho e setembro de 1,2 bilhão de reais, valor 113,9% superior aos 565,2 milhões de reais obtidos um ano antes.
- VALE ON encerrou em alta de 1,3%, ajustando-se ao movimento do recibo de sua ação negociado em Nova York na última sexta-feira e favorecida pela alta dos preços do minério de ferro na China. A companhia também assinou acordo físico de minério de ferro para abastecer uma siderúrgica chinesa usando o preço do minério de ferro da Dalian Commodity Exchange (DCE), disse a bolsa na sexta-feira.
- PETROBRAS PN cedeu 0,75% e PETROBRAS ON encerrou com variação negativa de 0,03%, perdendo o fôlego em relação ao começo da sessão, quando prevaleceram os ajustes ao movimento positivo dos ADRs da petrolífera na última sexta-feira em Wall Street. O comportamento das ações ainda teve de pano de fundo o vencimento de contratos de opções na bolsa paulista e a queda dos preços do petróleo no mercado externo.
- ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com declínio de 0,45% e BRADESCO PN recuou 0,66%, também revertendo os ganhos da primeira etapa da sessão, quando os papéis encontraram suporte ganhos de seus ADRs na última sexta-feira.
- BANCO BMG UNIT, que não está no Ibovespa, fechou em baixa de 3,58%, após resultado do terceiro trimestre, que mostrou lucro líquido recorrente de 88 milhões de reais, acréscimo de 14,3% na comparação ano a ano. A margem financeira líquida alcançou 24,7%, ante 20,2% um ano antes.
- RESTOQUE ON, também de fora do Ibovespa, desabou 9,71%, após a varejista de vestuário dona de marcas como Le Lis Blanc e Dudalina reportar queda de mais de 30% na receita líquida de vendas do terceiro trimestre ano a ano, com o resultado operacional medido pelo Ebitda desabando.
Fontes: Valor e Reuters