Juros
Após recuarem de ponta a ponta desde o início do dia, os juros futuros encerraram a sessão regular desta quarta-feira (18) perto da estabilidade, influenciados diretamente pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), que levou o dólar e rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) às máximas do dia.
Com a decisão do Copom no radar, os agentes se mantiveram atentos, na tarde desta quarta, à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed. A divergência entre membros do comitê, sobre a decisão de reduzir a taxa de juros nos EUA, chamou a atenção dos investidores — dos dez membros votantes, três não votaram a favor da redução da taxa para a faixa de 1,75% a 2%. A mediana para os Fed funds, no fim deste ano, mostrada pelo gráfico de pontos, indica estabilidade dos juros.
Os recentes e tumultuados movimentos ocorridos no mercado financeiro dos EUA, envolvendo a liquidez dos bancos, dominaram a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell. Ele sinalizou para a possibilidade de haver um crescimento orgânico do balanço patrimonial do Fed, diante da disparada da taxa "repo" "overnight", que chegou a saltar para 10% no início da semana.
O economista-chefe para EUA da consultoria High Frequency Economics, Jim O’Sullivan, disse que, ao apontar para o crescimento orgânico do portfólio de ativos do Fed, Powell adotou um viés ligeiramente mais favorável ao aperto monetário do que o esperado pelos investidores em relação aos mercados monetários. Parte dos agentes esperava por sinais mais claros quanto à possibilidade de retomada de um programa de compra de ativos nos moldes do que fez o Banco Central Europeu (BCE) na semana passada.
DI1F20: 5,175% (-2,5 bps)
DI1F21: 5,22% (+1 bps)
DI1F23: 6,25% (0 bps)
DI1F25: 6,81% (-2 bps)
DI1F27: 7,14% (-2 bps)
Câmbio
O dólar encerrou em alta contra o real nesta quarta-feira, com a já esperada decisão do Federal Reserve de cortar os juros em 0,25 ponto percentual, com agentes do mercado agora voltando suas atenções para a decisão de política monetária do Banco Central do Brasil.
O dólar à vista teve alta de 0,61%, a 4,1028 reais na venda. Na B3, o dólar futuro subiu 0,85%, a 4,114 reais.
Ao reduzir a taxa básica de juros para um intervalo de 1,75% a 2,00% nesta quarta-feira, por placar de 7 a 3, o comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) apontou os riscos globais em curso e o enfraquecimento dos investimentos empresariais e das exportações.
Durante coletiva de imprensa após a decisão, o chairman do Fed, Jerome Powell, reafirmou que a perspectiva econômica dos EUA é “favorável”, com o mercado de trabalho forte e a inflação provavelmente retornando à meta do Fed (2%).
Campos Neto acrescentou que não vê a moeda norte-americana ampliando sua valorização contra o real nas próximas sessões, já que o outro vetor que puxou o dólar nas últimas semanas —as tensões comerciais entre EUA e China— tem se mostrado um pouco mais comedido.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira que seu governo pode fechar um acordo comercial com a China antes da eleição presidencial dos EUA ou no dia seguinte à eleição, acrescentando que, se o acordo vier após as eleições, será em termos “muito piores” para Pequim do que se fosse alcançado agora.
Na cena doméstica, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgará sua decisão de juros também nesta quarta, a partir das 18h (horário de Brasília), com o mercado apostando em um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.
Bolsa
O Ibovespa caiu 0,08%, a 104.531,93 pontos. O volume financeiro da sessão somou 26,35 bilhões de reais, impulsionado pelo vencimento dos contratos de Ibovespa futuro.
O Fed cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual pela segunda vez este ano, medida amplamente esperada, para sustentar a expansão econômica do país —que já dura uma década—, mas deu sinais mistos sobre o que pode acontecer a seguir.
Índices acionários no Brasil e nos EUA momentaneamente ampliaram perdas durante o discurso de Jerome Powell, chairman do Fed, com o S&P 500 fechando próximo da estabilidade.
- Petrobras PN (PETR4) recuou 1,7%, com novo declínio do preço do petróleo, ante notícia de que a Arábia Saudita retomará a capacidade de produção total rapidamente após ataques que fizeram as cotações da commodity dispararem na segunda-feira.
- Natura (NATU3) cedeu 0,06%, após renovar a máxima intradia histórica no início da sessão. A fabricante de cosméticos anunciou na véspera aumento de capital com bonificação de ações.
- Vale (VALE3) caiu 1,02%, na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na China pelo terceiro dia, em meio a crescentes desembarques do produto nos portos do país e por maiores embarques por grandes mineradoras.
- Embraer (EMBR3) subiu 1,04%. O sindicato de metalúrgicos da principal fábrica da empresa, em São José dos Campos, afirmou que trabalhadores da unidade aprovaram estado de greve e que podem parar a partir da segunda-feira.
- Banrisul PNB (BRSR) saltou 7,37%, após o banco ajustar oferta primária de ações, que teve sua precificação adiada da véspera para esta quarta-feira.
Fontes: Valor e Reuters