Juros
Os preços do petróleo foram determinantes para o mercado de juros nesta segunda-feira, com um pregão marcado por queda das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) em toda a curva. A possibilidade de um desaquecimento econômico mais intenso foi monitorada pelos agentes, o que renovou apostas de cortes nas taxas de juros não somente no Brasil como também em outras grandes economias.
A chance de uma recessão global foi apontada nesta segunda-feira pela S&P Global Platts. Apesar de não ser seu cenário-base, a consultoria alerta para esse risco no caso de haver um avanço muito expressivo dos preços do petróleo. Para os analistas Abhishek Deshpande e Shakil Begg, do J.P.Morgan, “em geral, os preços do petróleo subindo até US$ 80 a US$ 90 por barril têm desempenho líquido favorável para o crescimento global, mas se tornam negativos para a expansão quando vão além desses níveis”.
Além do petróleo como protagonista, os temores relativos à perda de fôlego da economia mundial também foram sustentados pela China. Em agosto, a indústria chinesa produziu menos do que o esperado, ao mesmo tempo em que as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos também decepcionaram os mercados.
Os investidores esperam que, apesar de indicadores mais fortes do que o esperado divulgados recentemente em solo americano, o Fed efetue uma redução de 25 pontos-base nos juros na próxima quarta-feira. A expectativa é que, horas depois, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve cortar a Selic em 50 pontos-base, para a mínima histórica de 5,50%.
DI1F20: 5,22% (-4,5 bps)
DI1F21: 5,26% (-9 bps)
DI1F23: 6,37% (-10 bps)
DI1F25: 6,96% (-8 bps)
DI1F27: 7,27% (-8 bps)
Câmbio
O dólar encerrou próximo à estabilidade contra o real nesta segunda-feira, primeiro dia de uma semana marcada por reuniões de bancos centrais globais, com investidores monitorando os desenvolvimentos das tensões no Oriente Médio após um ataque de drones às instalações de petróleo na Arábia Saudita.
O dólar à vista teve alta de 0,06%, a 4,0905 reais na venda, depois de oscilar entre altas e baixas no pregão. Na B3, o dólar futuro avançava 0,13%, a 4,0930 reais.
Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da CM Capital Markets, as oscilações do dólar na sessão se deram pela quantidade de fatores externos acontecendo ao mesmo tempo, como as expectativas sobre as reuniões dos BCs globais, dados fracos da China e as tensões na Arábia Saudita.
“É uma semana recheada de expectativas e cautela de todos os lados. O mercado ainda está tentando entender o que está acontecendo, e esse é um movimento natural”, afirmou.
O ataque às instalações de petróleo na Arábia Saudita no fim de semana levou a uma alta nos preços do petróleo na sessão. As moedas de importadores da commodity, como Turquia e Índia, se enfraqueciam. Contra uma cesta de moedas, o dólar subia 0,36%, a 98,607.
Na China, dados mostraram que o crescimento da produção industrial se enfraqueceu inesperadamente para 4,4% em agosto ante o mesmo período do ano anterior, elevando as expectativas de mais estímulos por parte do governo chinês.
Os dados chineses também chamam atenção para os temores sobre uma desaceleração da economia global, com investidores agora atentos à reunião de política monetária do Federal Reserve nos dias 17 e 18 de setembro. Os juros futuros dos EUA indicavam que operadores veem 65,8% de chance de o Fed cortar juros em 0,25 ponto percentual na próxima reunião, de acordo com a ferramenta Fedwatch do CME Group.
Esta semana também haverá decisão sobre juros nos bancos centrais da Inglaterra e do Japão. Na cena doméstica, o mercado também se manterá atento à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulga sua decisão de política monetária no mesmo dia que o Fed.
Bolsa
O Ibovespa subiu 0,17%, a 103.680,41 pontos, no fim de sessão volátil. O giro financeiro do pregão somou 27,9 bilhões de reais, incluindo o vencimento de opções, de 7,576 bilhões de reais.
Na China, a produção industrial cresceu 4,4% em agosto sobre um ano antes, menor taxa desde fevereiro de 2002 e abaixo do desempenho de julho e do esperado por analistas, endossando receios com o ritmo da atividade na segunda maior economia do mundo e seu potencial reflexo.
Antes dos dados chineses, porém, agentes financeiros já repercutiam os ataques a instalações da petrolífera estatal Saudi Aramco no fim de semana, que retirarem de operação o equivalente a cerca de 5% do suprimento global de petróleo e elevaram as tensões geopolíticas na região.
O Brent chegou a tocar 71,95 dólares no começo da sessão, avanço de 19,5%, maior alta intradiária desde 14 de janeiro de 1991, durante a Guerra do Golfo. No fechamento, registrou alta de 14,6%, a 69,02 dólares.
“É um fato novo e como tal o mercado fica mais precavido à espera de novas informações”, disse o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, destacando que Petrobras ajudou a evitar um declínio do Ibovespa.
Para o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, o fechamento do Ibovespa no azul se explica pelo desempenho de Petrobras. “O mercado fica nervoso, especialmente estrangeiros, que procuram reduzir risco notadamente em mercados emergentes”, afirmou.
Uma série de decisões de bancos centrais nesta semana, incluindo o Federal Reserve e o BC brasileiro, segue no radar de investidores, com apostas de cortes nos juros por Fed e Copom, na quarta-feira. Banco do Japão e Banco da Inglaterra divulgam suas orientações de política monetária na quinta.
- Petrobras PN (PETR4) e Petrobras ON (PETR3) subiram 4,39% e 4,52%, respectivamente, apoiadas na disparada do petróleo no mercado externo, diante das tensões geopolíticas elevadas após ataques a campos e instalações de petróleo na Arábia Saudita. O UBS afirmou que o salto nas cotações será um “teste significativo” para a política de preços da Petrobras para o diesel e a gasolina. Fonte da companhia disse à Reuters que a Petrobras deve buscar evitar o “nervosismo do mercado” e “aguardar um pouco” antes de reajustar preços de combustíveis.
- Azul PN (AZUL4) e Gol PN (GOLL4) recuaram 8,45% e 7,77%, respectivamente, pressionadas pelo salto nos preços do petróleo, o que eleva os custos de companhias aéreas.
- Vale (VALE3) recuou 2,41%, tendo de pano de fundo números mais fracos sobre a atividade econômica na China, em movimento que seguia o de ações de outras mineradoras na Europa.
- Cielo (CIEL3) teve elevação de 6,02%, em meio a ruídos ligados a eventuais negociações de fusão. No fim de semana, o colunista Lauro Jardim, do jornal o Globo, publicou que a Stone e a Cielo andaram conversando nas últimas semanas e que o interesse esfriou, mas que as portas para retomar as conversas continuam abertas. As ações da Stone em Nova York subiram 1,8%.
- Itaú Unibanco PN (ITUB4) caiu 1,78%, liderando as perdas entre os bancos listados no Ibovespa, após alta de 5,7% nas duas primeiras semanas do mês. Bradesco PN (BBDC4) recuou 1,32%, Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 1,04% e Santander Brasil (SANB11) fechou em baixa de 1,59%.
- Kroton (KROT3) avançou 4,66%, tendo no radar relatório do Itaú BBA reiterando recomendação ‘outperform’ e com preço-alvo de 14 reais para o fim de 2020. O Itaú BBA avalia que resultados operacionais provavelmente apoiarão o desempenho dos papéis no segundo semestre, dada a expectativa de melhora na captação de novos alunos e, talvez mais importante, dados de desempenho de vendas do ensino básico para 2020, que eles esperam que sinalizem uma aceleração nesse segmento.
Fontes: Valor e Reuters