Juros
Em um ajuste de posições após cinco pregões consecutivos de queda, os juros futuros encerraram a sessão regular desta terça-feira (15) em firme alta, que se espalhou de ponta a ponta da curva. O avanço das taxas ocorreu em conformidade com a valorização do dólar, que, no Brasil, mostrou-se mais forte do que em outros mercados emergentes. Os vértices intermediários e longos foram os que observaram maior recomposição de prêmio de risco, em um dia no qual os agentes se atentaram tanto a questões internas quanto externas para realizar lucro.
O sinal de alta dos juros futuros se deu desde o início do dia. A operação da Polícia Federal contra o presidente do PSL, Luciano Bivar, esteve no radar dos investidores na seara interna, enquanto o noticiário internacional indicou cautela quanto ao futuro das relações comerciais sino-americanas, após relatos de que a China teria condicionado comprar produtos agrícolas americanos à retirada de tarifas impostas pelos Estados Unidos desde o início das disputas comerciais.
DI1F20: 4,925% (+2 bps)
DI1F21: 4,63% (+6 bps)
DI1F23: 5,64% (+10 bps)
DI1F25: 6,34% (+10 bps)
DI1F27: 6,70% (+10 bps)
Câmbio
A performance mais fraca da divisa brasileira neste pregão deu sequência a movimento similar visto desde meados da semana passada, quando o mercado fortaleceu apostas de corte da Selic depois de o Brasil ter registrado inesperada deflação em setembro. Com o cenário inflacionário adquirindo contornos ainda mais benignos, cresce a expectativa de corte de juros, o que por tabela reduz o retorno das aplicações em real, desestimulando atração de capital para a renda fixa.
Contratos de juros futuros embutiam nesta sessão 96% de chance de redução de 0,50 ponto percentual na reunião de política monetária do Banco Central no fim de outubro e 86% de probabilidade de alívio na mesma magnitude na decisão de dezembro. A Selic está atualmente na mínima histórica de 5,50% ao ano.
Desde 9 de outubro —quando o IBGE divulgou inesperada deflação no Brasil em setembro—, o real se desvalorizou 0,89% ante o dólar (até dia 14), enquanto o índice MSCI para moedas emergentes subiu 0,69% no mesmo período.
“O ciclo de cortes de juros no Brasil é um risco de primeira ordem à força do real”, disseram em nota Kamakshya Trivedi e Davide Crosilla, estrategistas do Goldman Sachs. Eles ainda mantêm recomendação comprada (apostando na alta) em real, mas financiada não em dólar ou euro, mas em peso chileno —numa indicação da fragilidade de apostas na moeda doméstica. “De forma geral, os riscos às posições compradas em real aumentaram e as notícias positivas de China-EUA diminuíram algumas pressões sobre o peso chileno”, afirmaram.
Dados do BofA mostram que o diferencial de “carry” (retorno) pago pelo real é de pouco mais de 2%, bem atrás do de pares emergentes como peso mexicano (quase 6%), rupia indiana (5%), rupia indonésia (5%), rublo russo (perto de 5%) e rand sul-africano (também próximo de 5%).
O dólar à vista subiu 0,89%, a 4,1653 reais na venda, nesta terça-feira. Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 1,15%, a 4,1785 reais.
Bolsa
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, puxada pelas ações da Petrobras, diante do avanço do projeto da cessão onerosa no Senado, e endossada por Wall Street após começo da temporada de resultados corporativos, embora permaneçam dúvidas sobre acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,2%, a 104.510,68 pontos, segundo dados preliminares. O volume financeiro da sessão somava 13,2 bilhões de reais.
Fontes: Valor e Reuters