Juros
O clima de cautela que se instaurou nesta segunda-feira (12) nos mercados globais interrompeu a sequência de queda dos juros futuros. As taxas registraram leve alta, em especial na ponta mais longa, com uma certa desconfiança do investidor com o resultado das prévias da disputa eleitoral na Argentina e outros fatores geopolíticos.
O resultado das prévias partidárias na Argentina, com derrota do presidente Mauricio Macri, trouxe mais incertezas para a América Latina, na visão dos investidores, potencializando os efeitos negativos sobre os ativos da região.
DI1F20: 5,45% (+1 bps)
DI1F21: 5,38% (0 bps)
DI1F23: 6,37% (+2 bps)
DI1F25: 6,87% (+3 bps)
DI1F27: 7,16% (+2 bps)
Câmbio
O dólar começou a semana em forte alta, na esteira de aversão a risco no exterior e do aumento de volatilidade nos mercados argentinos após a vitória da oposição em eleições primárias. O dólar à vista fechou em alta de 1,06%, a 3,9837 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,91%, a 3,9845 reais.
O câmbio sentiu o aumento da volatilidade no mercado argentino, onde o peso desabou cerca de 30% no pior momento do dia, para uma nova mínima recorde, diante de receios de que o futuro governo possa adotar políticas econômicas heterodoxas.
A instabilidade no mercado argentino tende a afetar o brasileiro uma vez que o país vizinho é importante destino das exportações brasileiras de manufaturados, cujas quedas podem impactar negativamente o já lento crescimento econômico doméstico.
Mas o dólar se fortaleceu de forma generalizada ante emergentes, diante dos receios em torno da guerra comercial entre chineses e norte-americanos. A fuga de risco beneficiou o iene e derrubou Wall Street.
Em meio às incertezas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que o Brasil tem posição cambial "sólida" e está preparado para enfrentar crises. O país tem quase 389 bilhões de dólares em reservas cambiais, com 68,9 bilhões de dólares em swaps cambiais de posse do mercado.
Bolsa
O dia já não tinha começado bem para os mercados brasileiros com o difícil diálogo entre China e Estados Unidos como pano de fundo dos negócios. Não bastasse isso, as prévias eleitorais na Argentina elevaram o medo de que o país passe a adotar uma agenda econômica voltada para a heterodoxia, o que provocou ajuste adicional na classe de ativos de risco, incluindo o Brasil. Como resultado do ambiente pior para emergentes no exterior, o Ibovespa terminou o pregão em queda de 2%, aos 101.915 pontos. Com a performance, o índice devolveu o que havia recuperando na semana passada: voltou a menor nível desde 5 de agosto, quando ficou em 100.097 pontos, e já zerou a alta no mês, de apenas 0,10% até agora.
O giro financeiro foi bastante forte no dia e somou R$ 11,7 bilhões, perto da média diária negociada nas sessões de 2019, em R$ 12 bilhões. O giro forte acompanhado de queda também firme é sinal de que houve onda de vendas no mercado, capitaneada pelo investidor estrangeiro, segundo analistas e operadores.
No destaque de hoje ficou a Gol PN (-7,20%), maior baixa do Ibovespa. Entre as “blue chips”, o movimento mais importante foi do Itaú Unibanco, em queda de 4,14%, e da Itaúsa, que cedeu 3,52%. O Bradesco ON cedeu 2,34% e a PN caiu 2,09%, enquanto Banco do Brasil se desvalorizou 3,39%. Entre as companhias ligadas às commodities, a Petrobras (-2,69% a ON e -2,40% a PN) foi destaque; a Vale teve baixa menor, de -0,73%.
O investidor voltou a colocar na carteira ativos tipicamente associados à proteção, como é o caso das ações mais expostas ao dólar. É o que explica o avanço de alguns papéis do setor frigorífico e também da Suzano (1,25%).
Fontes: Valor e Reuters