Juros
Os juros futuros não apresentaram sinal único no pregão desta quarta-feira (11), enquanto os investidores continuam atentos ao cenário internacional diante de expectativas com a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). No campo interno, a surpresa positiva com as vendas no varejo influenciou os contratos de curto prazo de Depósito Interfinanceiro (DI), enquanto as taxas longas apresentaram viés de queda ao acompanharem o dólar.
Principal evento da semana, a reunião do BCE tem concentrado as atenções dos investidores desde segunda-feira (9). “Nossos economistas esperam um significativo pacote de estímulos, incluindo um corte de 20 pontos-base na taxa de depósito. Para isso, é essencial que um sistema de camadas acompanhe os juros mais baixos para evitar grande perda de lucratividade do setor bancário. Uma redução de 20 pontos-base pode diminuir o lucro por ação dos bancos europeus em cerca de 6%”, escreveram, em nota a clientes, economistas do Goldman Sachs.
Apesar das expectativas do Goldman por estímulos expressivos do BCE, os mercados globais de renda fixa digeriram, nos dois últimos pregões, as chances de um grau de acomodação não muito significativo ser anunciado nesta quinta (12) pelo banco central europeu. Essa possibilidade levou os retornos dos Bunds alemães de dez anos ao maior nível em mais de um mês. Esses ganhos, contudo, foram parcialmente devolvidos hoje, com o rendimento (yield) do título alemão caindo para -0,560%.
Se o juro básico cair abaixo desse nível, os economistas Rafael Martins Murrer e Igor Velecico, do Bradesco, estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresente crescimento em torno de 2% em 2020. Argumento semelhante foi utilizado pelos economistas do J.P.Morgan, que esperam expansão de 1,8% do PIB no próximo ano diante da política mais estimulativa do BC.
No foco dos agentes, no início do dia, as vendas no varejo restrito apresentaram avanço de 1,0% na passagem de junho para julho, enquanto a mediana das estimativas de instituições consultadas pelo Valor Data apontava para alta de apenas 0,1% do indicador.
DI1F20: 5,295% (-1,5 bps)
DI1F21: 5,37% (+3 bps)
DI1F23: 6,45% (+2 bps)
DI1F25: 6,99% (0 bps)
DI1F27: 7,31% (+1 bps)
Câmbio
O resultado melhor que o esperado do varejo no Brasil ajudou o real a se descolar do desempenho das demais emergentes e avançar terreno contra o dólar neste pregão, véspera da decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE). Amparado pela surpresa no indicador, o dólar encerrou o dia em queda de 0,72%, aos R$ 4,0653.
Lá fora, a expectativa pela decisão do BC da zona do euro fez a moeda da região se depreciar frente ao dólar nesta sessão. Como resultado, o índice DXY da ICE avançava 0,35% no horário citado, ajudando o dólar a se fortalecer contra 24 das 33 divisas mais líquidas do mundo. Na outra ponta, o real liderava os ganhos contra a moeda americana, bem à frente da segunda colocada, a rúpia indiana, contra qual o dólar cedia 0,45%.
A decisão do BCE de amanhã é, possivelmente, a mais importante de 2019, avaliam analistas do Commerzbank. “Todos esperam que o BCE faça algo, mas existe grande incerteza sobre o que será divulgado”, notam analistas do banco alemão. “Em geral, BCs gostam de evitar grandes surpresas. Dirigentes da instituição, no entanto, enviaram sinais conflitantes nos últimos dias. Talvez porque queiram que os estímulos tenham o máximo de impacto sobre os mercados, talvez porque as diferenças entre seus integrantes sejam grandes demais, ou talvez porque o coquetel de medidas a serem apresentadas é simplesmente muito complexo.”
Embora as moedas emergentes tenham se depreciado neste pregão, o tom geral dos mercados internacionais foi de tomada de risco, como pode ser observado no comportamento das bolsas em Nova York, Europa e no Brasil. Essa melhora foi ajudada, entre outros fatores, pela distensionamento da disputa comercial entre Estados Unidos e China. “As tensões arrefeceram após a China divulgar uma lista de produtos americanas excluídos de tarifas mais elevadas”, nota o TD Securities.
No Brasil, esse movimento foi potencializado pelo varejo brasileiro. De acordo com o IBGE, as vendas no varejo restrito cresceram 1,0% em julho, acima da mediana de projeções coletadas pelo Valor Data, que apontava crescimento mensal de 0,1%. A alta de 1,0% foi a maior para o mês desde 2013.
Bolsa
O Ibovespa avançou 0,4%, a 103.445,60 pontos. O volume financeiro da sessão somou 16,5 bilhões de reais.
Na máxima do dia, o índice chegou a superar os 104 mil pontos, mas teve os ganhos reduzidos após declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizando que considera aliviar sanções contra o Irã. Os preços do petróleo em Nova York caíram 2,49 por cento. As ações da Petrobras recuaram.
Trump também repercutiu a decisão da China de isentar alguns produtos dos EUA de suas tarifas, antes de reunião entre autoridades de segundo escalão dos dois países planejada para ainda este mês.
Há também a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) reduza as taxas de juros e retome um programa de compra de ativos para estimular a economia da região.
Aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode enviar à Câmara nos próximos dias o texto da reforma tributária.
A sessão ainda contou com anúncio de demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, em meio à demora na formatação final da reforma tributária e polêmica sobre a criação de um novo imposto sobre transações financeiras nos moldes da CPMF.
Magazine Luiza (MGLU3) ganhou 6,46%, com papéis de comércio eletrônico recuperando-se de fortes perdas da véspera após lançamento do Amazon Prime ao Brasil. B2W (BTOW3) subiu 3,26% e Via Varejo (VVAR3) avançou 2,95%. Em Nova York, Mercado Livre (MELI US) subiu 2,1 em Nova York%.
Petrobras PN (PETR4) e Petrobras ON (PETR3) perderam 0,85% e 1,77%, respectivamente, seguindo os preços do petróleo no exterior, que mudaram de viés após Donald Trump sinalizar que pode aliviar as sanções impostas sobre o Irã.
B3 (B3SA3) avançou 1,44%, após divulgar dados operacionais de agosto na véspera. Para o BTG Pactual, os números corroboram a tese de que o terceiro trimestre será forte. Após o fechamento do pregão a companhia anunciou que teve uma decisão desfavorável no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) relativa à incorporação da Bovespa e que vai recorrer à Justiça.
MRV (MRVE3) saltou 9,02%, após perder 13,86% em setembro até a véspera, em sessão de alta do setor imobiliário, após o jornal o Estado de S. Paulo publicar que o governo usará o FGTS para bancar todo o subsídio do Minha Casa Minha Vida, medida que tem potencial de destravar 26,2 bilhões de reais em investimentos no programa habitacional.
Fontes: Valor e Reuters