Juros
Um dia depois da surpresa deflacionária de setembro, foi a vez da frustração com os dados de varejo estimularem uma nova rodada de redução de prêmios na curva, principalmente nos vértices intermediários, em meio a apostas cada vez maiores de novas reduções na Selic, nesta quinta-feira (10). Nem mesmo o dólar em alta e as dúvidas quanto ao ritmo das negociações comerciais entre Estados Unidos e China fizeram com que os juros futuros se desviassem do ritmo de queda observado desde quarta (9).
O Société Générale foi uma das instituições que mudou sua estimativa para a Selic no fim deste ano. Em relatório assinado pelo economista Dev Ashish, o banco francês argumenta que a economia ainda fraca e a deflação de setembro do IPCA “provavelmente também tornam altamente possível que o Banco Central (BC) intensifique ainda mais o ciclo de afrouxamento este ano”. O Société cortou sua projeção para a Selic no fim deste ano de 5,00% para 4,50% e apontou, ainda, que reduções adicionais não são descartadas “principalmente se os indicadores de crescimento piorarem novamente”.
Hoje, o volume de vendas no varejo restrito decepcionou os agentes ao subir apenas 0,1% na passagem de julho para agosto, enquanto a mediana das expectativas do mercado indicava alta de 0,3%. Além disso, a revisão do dado de julho, que passou de avanço de 1,0% para alta de 0,5%, também colaborou para a visão de que a recuperação da economia brasileira ainda se dá em tom gradual.
Nesta sexta (11), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), referente a agosto, pode ajudar a calibrar as projeções para o nível da Selic.
As sinalizações de que novos cortes na Selic estão a caminho fizeram com que o mercado de juros destoasse, em algumas ocasiões, do câmbio e da bolsa, ao deixar em segundo plano os riscos à perspectiva econômica.
DI1F20: 4,944% (-1,1 bps)
DI1F21: 4,64% (-7 bps)
DI1F23: 5,71% (-13 bps)
DI1F25: 6,41% (-10 bps)
DI1F27: 6,78% (-8 bps)
Câmbio
O dólar encerrou em alta contra o real nesta quinta-feira, em sessão marcada por grande volatilidade, apesar da baixa liquidez, com agentes do mercado monitorando os desdobramentos das relações comerciais entre Estados Unidos e China. O dólar à vista subiu 0,48% nesta quarta, a 4,1236 reais na venda. Na B3, o dólar futuro tinha valorização de 0,24%, a 4,1265 reais.
Segundo operadores, apesar da cena externa se mostrar mais positiva em meio a esperanças de que um acordo comercial parcial entre EUA e China seja alcançado, as sinalizações de uma atividade doméstica ainda fraca elevavam as expectativas de mais cortes de juros pelo Banco Central, impulsionando o dólar.
“A atividade econômica brasileira ainda tem se mostrado bem baixa, e há rumores no mercado de que a Selic caia ainda mais. Isso faz com que o diferencial de juros fique baixo demais para trazer fluxo para cá e faz com que investidores prefiram outros países emergentes com juros mais altos”, afirmou Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
Segundo Alencastro, o mercado precisa de mais sinalizações de avanços nas pautas de reformas econômicas para estimular a entrada de investidores estrangeiros.
Nesta quinta-feira, o Senado realizou a primeira sessão de discussão da PEC da reforma da Previdência, que deverá ser votada em segundo turno pelo plenário da Casa no próximo dia 22. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ainda terá de passar por mais duas sessões de discussão até que possa ser votada em segundo turno e seguir, caso não sofra nenhuma alteração, para a promulgação.
No exterior, as moedas emergentes pares do real, como rand sul-africano e o peso mexicano, valorizavam-se contra o dólar, à medida que os investidores mostravam-se mais otimistas sobre um acordo comercial entre EUA e China.
Os principais negociadores dos EUA e da China se reuniram nesta quinta-feira pela primeira vez desde o final de julho para tentar encerrar a guerra comercial de 15 meses. O encontro estimulou otimismo entre os investidores com a possibilidade de os países encontrarem um terreno comum que permita adiar o aumento de tarifas dos EUA agendado para a próxima semana.
Bolsa
O Ibovespa fechou em alta de 0,56%, a 101.817,13 pontos. O giro financeiro do pregão somou 14,1 bilhões de reais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que se encontrará com o vice-premiê chinês, Liu He, na Casa Branca na sexta-feira, no segundo de dois dias de negociações comerciais de alto nível com o objetivo de evitar aumentos programados nas tarifas dos EUA sobre produtos chineses.
“Todas as atenções do mercado estão voltadas para as negociações de EUA e China em torno da guerra comercial”, destacou o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos.
Em outra frente, os EUA não mencionaram apoio ao ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em carta enviada ao organismo no fim de agosto, em que manifestaram respaldo às candidaturas da Argentina e da Romênia, informaram duas fontes a par do assunto.
Outro alvo de atenção foi a primeira sessão de discussão da PEC da reforma da Previdência, que deverá ser votada em segundo turno pelo plenário da Casa no próximo dia 22.
- VALE avançou 3,44%, na esteira da alta dos preços do minério de ferro na China, com papéis do setor de mineração e siderurgia como um todo no azul. USIMINAS PNA ganhou 2,33%, CSN ON valorizou-se 5,31% e GERDAU PN subiu 3,67%.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 0,83% e 0,48%, favorecidas pela alta dos preços do petróleo, em sessão marcada pelo leilão de blocos exploratórios de petróleo e gás realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
- YDUQS saltou 6,39%, na ponta positiva do índice, após divulgar mais cedo alta de 45% na captação de alunos para o segundo semestre em relação ao mesmo período de 2018, desempenho acima da sua expectativa.
- GOL PN fechou estável, após a companhia aérea suspender voos de 11 aeronaves Boeing 737 NG para substituição de um componente após inspeções recomendadas pela agência de aviação dos Estados Unidos, FAA. CVC BRASIL perdeu 2,17%.
- LOJAS RENNER cedeu 0,69% após dados de vendas do comércio brasileiro mostrarem desaceleração em agosto. As varejistas na bolsa não tiveram desempenho comum. VIA VAREJO teve queda de 0,79%. MAGAZINE LUIZA cedeu 1,79%, enquanto B2W caiu 0,79%
- VIVARA, que estreou na bolsa nesta sessão, subiu 0,46%, a 24,11 reais, após precificar oferta inicial de ações a 24 reais. Na máxima, chegou a 24,84 reais. A oferta contemplou alocação para investidores com procedimento de lock-up (restrição à venda de suas ações). No caso do varejo, com valor máximo de 1 milhão de reais, o prazo termina em 23 de novembro e para o segmento ‘private’, com valor máximo de pedido de 10 milhões de reais, em 6 de fevereiro de 2020.
Fontes: Valor e Reuters