Juros
O acirramento das tensões entre Estados Unidos e China direcionou a dinâmica dos juros futuros durante toda a sessão desta segunda-feira (5). As preocupações com os impactos negativos desta disputa najá fragilizada economia global se refletiram no aumento do prêmio de risco nas taxas de longo prazo, acompanhando o movimento nos demais segmentos do mercado local.
Por outro lado, a pressão foi mais amena nos vértices de curto prazo, uma vez que boa parte das apostas na queda da Selic foram preservadas. Para Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, a guerra comercial sustenta a alta do dólar, mas ao mesmo tempo significa menos crescimento global e expectativa de mais corte de juros nos EUA. “Para mim, o resultado líquido [desse movimento] é menos juros por aqui”, diz o especialista.
Amanhã, o Banco Central divulga a ata da última decisão de política monetária, ocorrida na semana passada, quando foi anunciado o corte da Selic de 6,5% para 6%. E, no mercado, existe a expectativa de que a flexibilização monetária continue. O Boletim Focus, divulgado mais cedo nesta segunda, mostrou queda na projeção para a Selic, no fim do ano, de 5,5% na leitura anterior para 5,25% agora. Entre os analistas do Top 5, a expectativa já chega a 5,13%.
DI1F20: 5,56% (+5 bps)
DI1F21: 5,57% (+15 bps)
DI1F23: 6,54% (+14 bps)
DI1F25: 7,05% (+14 bps)
DI1F27: -
Câmbio
A disputa comercial entre Estados Unidos e China ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira, após o governo em Pequim retaliar, em duas frentes, a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre os US$ 300 bilhões em importações chinesas que não ainda haviam sido taxadas.
O receio de que o governo chinês utilize a moeda como ferramenta na disputa comercial que se arrasta com os Estados Unidos dominou a negociação dos mercados em todo mundo neste pregão e trouxe forte saída dos ativos considerados de risco, como ações, commodities e moedas emergentes.
No Brasil, após tocar máxima intradiária de R$ 3,9666, o dólar encerrou em alta de 1,68%, aos R$ 3,9566. Foi o maior nível de fechamento desde 30 de maio, quando ficou em R$ 3,9774. Além disso, este é o terceiro maior avanço diário da moeda americana em 2019, atrás apenas do registrado nos dias 22 e 27 de março. Naquela época, a troca de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez crescer, entre investidores, os receios sobre o futuro da reforma da Previdência.
Bolsa
Mais um capítulo na escalada de tensões comerciais entre China e Estados Unidos fez a semana começar extremamente negativa para os ativos locais. O medo de que a imposição de tarifas e retaliações entre os dois gigantes empurre o mundo para uma recessão jogou o Ibovespa na faixa dos 99 mil pontos e o dólar comercial para o maior patamar desde o fim de maio.
No fim da sessão, o Ibovespa caiu 2,51%, aos 100.098 pontos, menor nível desde 25 de junho, quando foi aos 100.092 pontos. Na mínima, o índice tocou os 99.630 pontos. O giro financeiro foi de R$ 13,7 bilhões, acima da média diária negociada nos pregões de 2019, em R$ 12 bilhões.
Fontes: Valor e Reuters