Juros
Os juros futuros oscilaram com viés de queda nesta quarta-feira (4) ao acompanharem o alívio no câmbio, em reação ao tom positivo dos mercados internacionais. Apesar do foco predominante no cenário externo, os investidores se mantiveram atentos a questões políticas locais, como o andamento da reforma da Previdência no Senado.
A expectativa em relação à votação do texto da Previdência e da PEC paralela, que inclui Estados e municípios, se aliou ao bom humor que veio de fora. A queda do dólar em relação ao real e a outras moedas de mercados emergentes fez com que as taxas caíssem.
A escalada mais recente nos embates tarifários sino-americanos, contudo, não teve grande impacto no setor de serviços da China em agosto. A esse sinal positivo, dado ainda na noite de terça (3) aos mercados, se somou o abrandamento das questões políticas em Hong Kong, na Itália e no Reino Unido. Assim, o dólar caiu de forma generalizada e levou os DIs para o mesmo caminho, embora as taxas tenham oscilado de forma restrita.
DI1F20: 5,37% (-2,5 bps)
DI1F21: 5,42% (-7 bps)
DI1F23: 6,46% (-9 bps)
DI1F25: 6,98% (-9 bps)
DI1F27: 7,28% (-8 bps)
Câmbio
O dólar encerrou esta quarta-feira com a maior queda em pouco mais de sete meses, em dia marcado por maior otimismo no exterior diante de dados econômicos positivos e alívio em tensões internacionais relacionadas ao Brexit e a protestos em Hong Kong.
O dólar à vista teve queda de 1,783%, a 4,1051 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez mostrava desvalorização de 1,51%, a 4,1110.
Para o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto, o real foi beneficiado em grande parte pelos movimentos externos, como a derrota do primeiro-ministro britânico no Parlamento sobre o Brexit e a retirada de um projeto de lei sobre extradição em Hong Kong, com investidores mais estimulados a assumir posições em ativos de maior risco.
A moeda norte-americana também se desvalorizava frente a outras moedas emergentes, como a lira turca e o rand sul-africano. Contra uma cesta de moedas, o dólar tinha queda de 0,57%, a 98,440.
No entanto, a leve queda dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos apontava para existência de alguma cautela no mercado.
No ambiente doméstico, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, após o encerramento do mercado, o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para a PEC da reforma da Previdência. Ainda serão analisadas emendas destacadas para serem votadas separadamente.
Bolsa
A maior demanda por ativos de risco na cena externa guiou o Ibovespa de volta à faixa dos 101 mil pontos no pregão de hoje, com ganho de tração do giro bem no fim dos negócios. No entanto, o volume fraco ao longo da maior parte da sessão é indício de que os investidores seguem sem grande estímulo para alterar de forma significativa as suas apostas
O Ibovespa terminou o pregão na máxima do dia, de 101.201 pontos, em alta de 1,52%. O giro financeiro ganhou força bem nos minutos finais do dia e totalizou R$ 11 bilhões. Apesar disso, vale mencionar que se trata de um volume ainda abaixo da média diária negociada nos pregões de 2019, de R$ 12 bilhões. E, além disso, a movimentação ficou bastante localizada no fechamento, com a falta interesse dos agentes em mexer nos portfólios.
A busca por ativos de risco hoje se viu também no dólar, que teve a maior baixa contra o real desde outubro do ano passado. Todo esse ambiente é resultado da publicação de indicadores mais favoráveis pelas principais economias do mundo e com a percepção mais positiva sobre questões geopolíticas, como manifestações em Hong Kong e o Brexit.
Na Ásia, Hong Kong decidiu enterrar o projeto de lei que permitia a deportação de cidadãos para a China continental. Já no Reino Unido, o premiê Boris Johnson — defensor da retirada da União Europeia sem acordo — viu derrota no Parlamento, adiando, assim, o processo de saída do país do bloco e afastando o receio de que houvesse um Brexit “duro”.
No exterior, os ativos brasileiros terminaram o dia também em recuperação: o iShares MSCI Brazil Capped, maior fundo de índice (ETF) de ações brasileiras negociado em Wall Street, encerrou em alta de 3,11%. Já o índice Dow Jones Brazil Titans, que mede o retorno dos 20 maiores recibos de ações (ADRs) brasileiros, avançou 3,03%.
Fontes: Valor e Reuters