Juros
Os contratos de juros futuros tiveram novamente um dia de forte volatilidade com o mercado operando as chances de atraso na tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
De acordo com uma fonte que preferiu não ser identificada, os investidores operaram ao longo do dia seguindo os sinais de votação da reforma da Previdência, na comissão especial da Câmara. Quando os sinais foram de adiamento da sessão, os DIs subiram. Quando os sinais foram positivos, eles mostraram queda.
O mercado aguarda o andamento das mudanças previdenciárias no Congresso. O presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM), já admite, em conversas reservadas, que a leitura do novo voto complementar do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) pode ficar para esta quinta (4).
DI1F20: 5,98% (0 bps)
DI1F21: 5,80% (-4 bps)
DI1F23: 6,58% (-7 bps)
DI1F25: 7,06% (-4 bps)
DI1F27: 7,36% (-3 bps)
Câmbio
O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, na esteira da desvalorização global da moeda norte-americana, intensificada no Brasil pelo maior otimismo quanto ao andamento da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O dólar negociado no mercado interbancário cedeu 0,74%, a 3,8264 reais na venda. Na B3, a referência para o dólar futuro tinha baixa de 0,58%, a 3,8345 reais na venda.
O real teve o melhor desempenho numa lista de cerca de 30 pares do dólar, impulsionado pelo entendimento de que a reforma previdenciária será votada em plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho.
Declarações do presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), endossaram essa perspectiva. Ramos afirmou que a leitura dos ajustes ao parecer do relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), ocorrerá ainda nesta quarta-feira. Teoricamente, isso permitiria que o cronograma não sofresse atrasos.
Informações de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria dito a líderes de partidos que não adiará a votação da matéria também respaldaram o bom humor dos investidores.
Além do real, outras moedas de risco se valorizaram nesta sessão, com destaque para lira turca, dólar australiano e dólar neozelandês. Essas divisas costumam se beneficiar de cenário de queda de juros em economias centrais, expectativa que ganhou força nesta sessão conforme os "yields" de títulos soberanos nos EUA e na Europa tombaram.
Juros mais baixos nas principais economias melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados mais arriscados, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, por exemplo. Com isso, há aumento da oferta de dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda.
Bolsa
O principal Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, +1,43% a 102.043,11 pontos, refletindo o cenário internacional mais positivo, com investidor monitorando o avanço da tramitação da reforma da Previdência. O volume financeiro da sessão somava 15,46 bilhões de reais.
Após líderes da União Europeia concordarem na véspera em nomear a francesa Christine Lagarde como nova presidente do Banco Central Europeu, os mercados fizeram apostas de que ela seguirá os passos 'dovish' de Mario Draghi.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou dois indicados aos cargos vagos na diretoria do Federal Reserve que têm o mesmo viés.
Em Brasília, tudo indica que o parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, deve ter uma terceira versão, o que deve adiar a votação, segundo deputados envolvidos nas discussões. Mas o presidente da comissão, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que a leitura dos ajustes pode ocorrer ainda nesta quarta-feira.
Via Varejo (VVAR3) valorizou-se 8,81%, dando sequência à valorização recente, com expectativas relacionadas à mudança no comando da rede de móveis e eletrodomésticos.
Gol (GOLL4) ganhou 9,59%, após o Goldman Sachs elevar a recomendação para as ações da empresa, avaliando que a companhia aérea deve ser a maior beneficiária da suspensão das operações da Avianca Brasil. Azul (AZUL4) avançou 4,13%.
B3 (B3SA3) subiu 2,26%. O complemento de voto do relator da reforma da Previdência retirou referência a bolsas de valores" no trecho que trata de aumento da alíquota da contribuição social sobre lucro líquido.
Vale (VALE3) caiu 0,19%, após forte queda na véspera quando o mercado se assustou com potenciais desdobramentos de relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigou rompimento de uma barragem da empresa em Brumadinho (MG) em janeiro.
Petrobras PN (PETR4) teve elevação de 1,16% e Petrobras ON (PETR3) ganhou 1,02%, em dia de alta dos preços do petróleo no exterior, além de anúncios sobre oferta secundária de participação da estatal na BR Distribuidora (BRDT3, +1,69%) e início de fase não vinculante para venda de campos terrestres na Bahia.
Fontes: Valor e Reuters