Juros
O movimento foi afetado pela fraqueza da indústria dos Estados Unidos, que fortificou as apostas em novas reduções nas taxas de juros americanas. Em um efeito dominó, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano passaram a cair e levaram para baixo os retornos de outros títulos públicos. Aqui, contudo, o movimento foi contido diante do risco relacionado à apreciação da reforma da Previdência no Senado.
No menor nível em dez anos, o índice de atividade industrial nos EUA, medido pelo ISM, minou o avanço dos juros dos Treasuries e de outros títulos ao redor do globo. O indicador frustrou as estimativas do mercado ao cair de 49,1 pontos, em agosto, para 47,8 pontos, em setembro, além de indicar que a fraqueza da manufatura americana deve continuar: o subíndice de novas encomendas cedeu para apenas 41,0 pontos. Números abaixo da marca de 50 pontos indicam contração da atividade.
As preocupações com as tensões comerciais entre EUA e China, o crescimento global enfraquecido e a força do dólar são apontados por economistas do ING como as causas para que não haja uma recuperação no desempenho da indústria americana no curto prazo.
As chances de cortes adicionais nos juros americanos ganharam força após o ISM. A possibilidade de uma redução adicional de ao menos 0,25 ponto porcentual até o fim deste ano cresceu de 66%, na segunda (30), para 78% hoje, de acordo com os futuros dos Fed funds compilados pelo CME Group. Já a probabilidade de os juros serem cortados em 0,50 ponto porcentual até dezembro aumentou de 17,5%, ontem, para 25,8% nesta terça.
DI1F20: 5,04% (-2,5 bps)
DI1F21: 4,96% (0 bps)
DI1F23: 6,02% (-4 bps)
DI1F25: 6,62% (-6 bps)
DI1F27: 6,95% (-6 bps)
Câmbio
O dólar fechou em leve alta ante o real nesta terça-feira, com o mercado de câmbio influenciado por um dia de forma geral negativo para ativos de risco, após dados nos Estados Unidos reforçarem temores de recessão na maior economia do mundo. O dólar à vista subiu 0,17%, a 4,1624 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,14%, a 4,1670 reais.
Mas o dólar no Brasil teve desempenho mais modesto do que em outras praças emergentes, com investidores citando o andamento da reforma da Previdência no Senado como fator para algum alívio ao câmbio nesta sessão. Segue a expectativa pela votação, em primeiro turno, da reforma no Senado ainda para esta terça. A votação em segundo turno é esperada para a próxima semana. Mais cedo, a CCJ do Senado aprovou o parecer do relator da reforma da Previdência, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sobre as emendas de plenário apresentadas ao texto e concluiu a análise da proposta.
Com isso, o dólar subiu menos aqui do que no exterior. A moeda saltava 1,2% ante a lira turca e o rand sul-africano no fim da tarde, na esteira da saída de investidores de ativos considerados mais arriscados. Pelo mesmo motivo, as bolsas de valores dos EUA caíram mais de 1%.
Estrategistas do Rabobank revisaram estimativa para o dólar de 3,80 reais para 3,90 reais ao fim de 2019 e 2020. Segundo os profissionais, apesar da “falta de visibilidade por ora”, a saúde do balanço de pagamentos, pressões inflacionárias muito limitadas e novos progressos na agenda de reformas ajudarão o Brasil a se manter no grupo de economias emergentes “mais resilientes”.
“Esse é outro e forte argumento para se esperar alguma queda na taxa do dólar”, afirmaram estrategistas em nota.
Bolsa
O ibovespa caiu 0,66%, a 104.053,40 pontos. O declínio veio após alta de 3,57% em setembro, que elevou o ganho em 2019 a 19,2%. O giro financeiro do pregão somou 14,2 bilhões de reais. Em Nova York, o S&P 500 cedeu 1,22%, após dados mostrarem que a atividade fabril nos Estados Unidos contraiu em setembro, com o índice do Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM) na mínima em 10 anos. Isso endossou receios sobre o efeito do embate comercial EUA-China na maior economia do mundo.
Investidores também seguiram monitorando com cautela os potenciais desdobramentos do processo de impeachment do presidente norte-americano, Donald Trump.
“Basicamente estamos sofrendo influência de Wall Street, embora o câmbio esteja bem comportado”, afirmou o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital. “As questões políticas nos EUA relacionadas a Trump não ajudam, e ainda se misturam com dúvidas sobre a disputa comercial com a China.”
Estratégias de ações para outubro compiladas pela Reuters mostraram expectativa de que os juros baixos no Brasil e no exterior tendem a beneficiar o Ibovespa, mas com manutenção de volatilidade, em função principalmente das incertezas do quadro internacional.
Roger avaliou que as notícias domésticas foram favoráveis. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou parecer do relator e concluiu a análise da proposta, que deve ser votada em primeiro turno no plenário ainda nesta terça-feira.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,26%, em sessão negativa para o setor, com BRADESCO PN recuando 1,36%, BANCO DO BRASIL cedendo 1,19%. SANTANDER BRASIL perdeu 0,44%. BTG PACTUAL recuou 1,28%.
- MULTIPLAN recuou 2,58%, com o setor de shopping centers em baixa. IGUATEMI caiu 1,22% e BRMALLS fechou com queda de 1,39%. No mês passado, esses papéis acumularam altas respectivas de 11%, 3% e 7%.
- YDUQS recuou 2,3%, entre as maiores quedas do Ibovespa, em meio a ajustes, após o papel fechar setembro com ganho acumulado de 14,7%. KROTON, que subiu 10,9% no mês passado, encerrou a sessão em baixa de 0,63%.
- BRF caiu 0,55%, após nova fase da operação Carne Fraca, com colaboração da BRF, que entregou documentos ao Ministério Público Federal mostrando que fiscais federais recebiam pagamentos indevidos para favorecer interesses da empresa. No setor, JBS teve acréscimo de 0,49% e MARFRIG saltou 5,72%. MINERVA subiu 1,6 por cento. Após o fechamento do pregão, emprega divulgou acordo preliminar para joint venture na China.
- MRV subiu 1,81%. A Safra Corretora incluiu a ação na carteira recomendada para o mês, com visão positiva para a construção civil. “A MRV ainda é nossa empresa preferida no segmento, especialmente considerando seu histórico de resultados positivos e maior exposição a classes de baixa renda.”
- PETROBRAS PN teve decréscimo de 0,15% e PETROBRAS ON cedeu 0,56%, conforme o petróleo perdeu fôlego e fechou em queda.
- VALE caiu 0,08%. A mineradora divulgou que recebeu 82 declarações de condição de estabilidade para estruturas que recebem rejeitos de mineração. Mas suas barragens a montante, cujas áreas ao redor já haviam sido desocupadas, permaneceram sem a declaração necessária.
Fontes: Valor e Reuters