17 de julho de 2019
ZURIQUE - Bancos centrais na Ásia e o da África do Sul reduziram suas taxas referenciais de juros nesta quinta-feira(18) e se juntaram ao ciclo de afrouxamento monetário mundial que se iniciou neste ano na região da Ásia-Pacífico e também deverá incluir os Estados Unidos e a Europa nas próximas semanas.
Os novos cortes, dos bancos centrais da Coreia do Sul, Indonésia e África do Sul, colocam em evidência a natureza globalizada do ciclo de reduções em gestação, enquanto as autoridades monetárias empenham-se em reagir aos sinais de queda no crescimento econômico.
Como as economias e os mercados financeiros estão interconectados,a expectativa de queda nos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e do Banco Central Europeu (BCE) abriu espaço para os bancos centrais de países emergentes cortarem as taxas para incentivar suas economias.
“Acho que isto vai proporcionar mais ímpeto para os bancos centrais asiáticos em seu ciclo de afrouxamento à frente”, diz Prakash Sakpal,economista do ING Bank.
Desde abril, Nova Zelândia, Índia, Malásia e Filipinas já reduziram os juros referenciais. O banco central da China adotou uma série de medidas para encorajar a concessão de crédito a pequenas empresas e investidores preveem que também vai reduzir as taxas se o Fed de fato as cortar.
O Banco da Coreia, autoridade monetária do país, reduziu as taxas de juros pela primeira vez em três anos nesta quinta-feira, em reação à pressão para adotar uma política monetária expansionista, em meio à desaceleração da economia. A taxa básica foi reduzida de 1,75% para 1,5%.
A decisão pegou os analistas de surpresa. Dos 19 consultados pelo “Wall Street Journal” antes da reunião de política monetária, 12 previam manutenção agora e corte dos juros apenas em agosto. O banco centra sul-coreano indicou mais cortes no futuro, rebaixando suas previsões decrescimento e inflação para 2019.
A revisão para baixo indica “que o corte não foi um ‘corte como forma de proteção’, mas uma reação natural da política monetária a surpresas macroeconômicas que já haviam se materializado”, disseram analistas do Société Générale. A expectativa é de mais cortes no quarto trimestre deste ano e no primeiro de 2020, com a taxa sul-coreana caindo para 1%, segundo os analistas.
O Banco da Indonésia, banco central do país, também reduziu sua taxa referencial em 0,25 ponto percentual, para 5,75%, o primeiro corte desde setembro de 2017. A decisão, em grande medida, era esperada pelos economistas.Analistas do Commerzbank projetam uma redução adicional de até 0,75 ponto percentual em 2019.
A África do Sul reduziu sua principal taxa de 6,75% para 6%.
Fragilidade
No caso dos três bancos centrais que reduziram os juros agora,os cortes parecem ter sido baseados mais na fragilidade de suas economias, em contraste com outros países que se valem das reduções para tentar proteger suasexpansões. O Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul caiu no primeiro trimestre. O da Indonésia contraiu-se por dois trimestres consecutivos. O daÁfrica do Sul encolheu 3,2% no primeiro trimestre, na comparação anual.
Eles também têm outro ponto em comum. Todos haviam elevado astaxas de juros no fim de 2018, o que lhes conferia uma base mais alta para darinício a uma reversão de direção e facilitava o início do ciclo de cortes.
Da mesma forma, o Fed elevou os juros no fim de 2018 para uma faixa entre 2,25% e 2,5%, sendo que até a primeira parte do ano ainda sinalizava aumentos adicionais nos juros. Os sinais de enfraquecimento do crescimento da economia americana e a persistente inflação baixa levaram as autoridades monetárias a reverter a sinalização e começar a indicar um corte nos juros neste mês.
O BCE, ao contrário do Fed e da maioria dos bancos centrais asiáticos, não vai começar de um terreno positivo, já que sua taxa referencial,está em 0,4% negativo desde 2016. Ainda assim, os economistas acreditam que oBCE vai reduzir a taxa ainda no terceiro trimestre.
(Colaboraram Gabriele Steinhauser e Kwanwoo Jun)